19 maio 2013

Amsterdam - tradição e liberdade



Eu não acreditava que com um museu de Van Gogh, um de Rembrandt e outro na casa de Anne Frank,  a menina judia que escreveu o diário na segunda guerra mundial sobre o seu esconderijo até ser descoberta e levada aos campos de concentração, eu estava naquele ônibus de excursão. Senti muita, muita raiva. Eles passaram em uma feira de flores e uma loja estúpida de diamantes na esperança que comprássemos para ganharem comissão, e isso levou a manhã inteira.
Durante a tarde as coisas começaram a melhorar. Almoçamos em Volendam no Spaander hotel, apreciando os quadros de pintores do século XIX que pintavam as paisagens locais em troca de hospedagem. Também rodamos pelas fazendas, com as vacas holandesas que nós adoramos importar. Visitamos uma fábrica de queijos, biscoitos, mostardas e geleias, impossível provar e não levar para casa. Vimos os sistemas de diques e canais e como os holandeses drenaram a água e construíram mais área de terra para viver. A Holanda é um país construído pelo homem, grande parte do seu território foi um dia submerso. Fomos para Marken, onde as pessoas fazem questão de ficar bem longe da modernidade e da tecnologia, é possível ver gente na rua com os trajes típicos, as pessoas se vestem como antigamente e casam entre si, com primos, todos muito loiros e muito altos.
Agora bom ficou mesmo quando fomos para o centro, passeamos de barco pelo canal, e vimos as casas centenárias lindas da classe alta da época, muitas delas estão inclinadas, cedendo à desestabilização do solo, muito interessante.
Mas não se engane com o clima pacato das paisagens pintadas por Rembrandt. A Holanda é uma das nações mais liberais do mundo, com longa história de tolerância cultural e racial. Desde 2001 os casais homossexuais podem se casar  e adotar crianças. O respeito pelos direitos individuais também deu origem às leis liberais sobre prostituição e drogas. É permitido fumar maconha e outras coisas por aqui. Nos cafés as ervas estão no cardápio, com variedade. Só que o bar que vende álcool não vende os cigarros, e nos cafés que vendem os cigarros não pode entrar álcool. Fomos ao famoso Bairro Vermelho, onde os sex shops estão por toda parte, bonequinhas peladas e vibradores são vendidos como souvenires. Nas ruas estreitas encontramos as famosas casas com a luz vermelha, com as prostitutas seminuas nas vitrines. Elas abrem a cortina quando estão disponíveis e fecham para atender os clientes, que são muitos, centenas de turistas por dia atraídos pela proposta da cidade. Eles vêm de toda a Europa para passar o final de semana, vi vários grupos de homens fazendo farras das pesadas, me lembrei do filme Hang over, daquela loucura toda. Tinham vários rapazes fazendo despedidas de solteiro, o mais engraçado foi um enorme vestido de bailarina no maior frio, que mexia com todos que passavam, absolutamente bêbado.
Mas o clima era pesado, não é mesmo o meu tipo de lugar. Tanto que mudei de ideia, tinha programado ficar para tomar uma cervejinha holandesa, mas como a energia não bateu eu voltei para o hotel feliz da vida. A excursão até se redimiu para mim, adorei ver o ônibus, é mesmo uma relação de amor e ódio a nossa.

Então o que posso dizer da Holanda é que aprendi bastante. Vi como aquele povo sabe conviver, se unir para preservar o ambiente e encontrar soluções para os seus recursos limitados e respeitar a adversidade de estilos de vida, de preferências sexuais e de hábitos. A Holanda é uma parada obrigatória para quem deseja expandir a mente. Concorde você ou não, este lugar vai te fazer parar para pensar.



Um comentário:

  1. Valéria,

    Estou adorando "viajar" contigo viu!!! Mas tenho uma queixa: o TEMPO está muito "apertado" para ver tudo por nós e ainda transmitir pelo facebook e blog! Dá uma vontade danada de sugerir que você DESERTE de vez dessa excursão! Se estiver com a mamãe do lado, que mal haverá nessa INSURGÊNCIA? Risos.

    Há braços

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