12 novembro 2012

A grandeza



Fiz do dia 10.11.12 um dia muito especial. Participei da técnica das Constelações Familiares, que segundo a Wikipédia, é um método psicoterapêutico recente, com abordagem sistêmica fenomenológica, de fundo filosófico, desenvolvido pelo filósofo e psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Em um conceito IF, é uma técnica de grupo que busca uma organização interna para o alcance de determinado objetivo através de um re-alinhamento da posição de cada um diante da sua família, considerando que cada membro da mesma (inclusive os mortos) tem uma representação em um "campo" que está abaixo da linha consciente, que interfere diretamente na nossa maneira de ver o mundo e de se relacionar. Para isso a facilitadora, no meu caso a argentina Claudia Boatti, discípula direta do Bert, primeiro avalia o seu objetivo e depois convida os outros participantes do grupo para representarem os membros da família que estão envolvidos no contexto. Ao constelar temos a chance de perceber de forma distanciada (fora da cena) as nossas posições e principalmente, a considerar verdadeiramente as posições dos outros, em um entendimento amplo das razões de cada um.

Foi maravilhoso. Tanto constelar como ser representante, a gente acaba constelando também. E ela tocou em um tema muito especial para mim neste momento, como tudo que acontece em sua hora certa. Falou sobre a grandeza. Para mim já valeria o curso, pois a minha miopia para enxergar a minha grandeza é grave. Por um lado, e os que já me conhecem há algum tempo já sabem, tenho a enorme dificuldade em acreditar que posso escrever um livro, volta e meia eu me acho aquém. Por outro, venho de uma sequência de mulheres orgulhosas e vaidosas que dificilmente acham que os homens são suficientemente bons para elas e isso tem me atrapalhado muito. Sim, é fantástico ter uma mãe que te acha Íncrível. E cá pra nós, qual não acha? Isso nos faz sentir confiantes e especiais, ótimo. Mas este "se achar" precisa de uma medida e a falta dela já estava me deixando levar por água abaixo mais um relacionamento importante. Atenção mamães! (inclusive eu, lógico)

No final do trabalho a Claudia nos presenteou com esse texto que me disse muito, espero que também traga algo para vocês:

A  G R A N D E Z A 

Grande é apenas aquele que se sente igual aos outros, dado que o que temos de maior é aquilo que compartilhamos com as outras pessoas. Aquele que sente isso grande em seu interior e o reconhece, se sabe grande e, ao mesmo tempo, se sente unido com as demais pessoas. Se o reconhece em seu interior, o reconhece ao mesmo tempo em todas as demais pessoas e sabe e sente igual a elas. Por isso também pode admitir sem inibições essa grandeza em si mesmo, já que não o eleva acima dos outros, os coloca lado a lado. Dessa maneira confirma aos demais a grandeza deles, e eles confirmam a grandeza dele. Assim, essa grandeza une todas as pessoas em humildade e amor. 

Aquele que se eleva acima dos outros, perde a conexão com eles. Retira-se deles e eles se retiram dele. Por essa razão esse envaidecimento conduz à solidão. E faz que se desconfie. Aquele que se enaltece deve temer que os demais o rejeitem, que secretamente estejam à espera que ele caia das alturas arrogantes até voltar a ser igual a eles. Sim, secretamente ele mesmo espera sua queda, porque sua alma não agüenta esse enaltecimento ao longo do tempo. Finalmente comete erros que para aqueles que estão de fora parecem incompreensíveis, mas que estão em sintonia com sua alma. Não agüentamos durante muito tempo a grandeza que se eleva acima dos demais. As outras pessoas tampouco a agüentam muito tempo. 

Mas também aquele que se rebaixa e se coloca abaixo das demais pessoas perde a conexão com elas. Elas percebem a exigência nesse tipo de humildade e a negação de fazer o que é adequado para a grandeza humana.

A verdadeira grandeza é exigente, mas de uma maneira que faz bem. Porque assim como reconhece aos outros, também pretende esse reconhecimento por parte deles. Essa exigência beneficia a todos. Une ali as grandes ações onde a exigência enaltecida ou a exigência que nega separam. 

Não obstante, parte da grandeza é também que eu reconheça em mim o singular que me foi presenteado, e que ao mesmo tempo reconheça em cada uma das demais pessoas o que é singular nelas. Por esse motivo, o singular também é algo que todas as têm em comum, e une em sugar de separar. Porque também o singular está a serviço do todo. Por isso, inclusive onde parece diferente, no todo, essa singularidade é igual a cada uma das outras singularidades. 

Bert Hellinger


Fechei o dia especial com uma conversa de quatro horas com meu quase ex talvez futuro possivelmente atual namorado. Isso porque eu liguei, eu venci o orgulho, eu peguei em sua mão. Reconheci tudo isso que compartilho com vocês agora. Ignorei completamente os princípios das minhas ancestrais e isso sim, me deixou muito orgulhosa. Não importa se estava certa ou errada, eu fiz o que quis. E será que existe certo e errado no amor? Segui o coração livremente ao me lembrar que essa vida é muito curta para ficarmos amarrados a conceitos, a padrões e às expectativas dos outros. 

O trabalho de constelações nos convida a quebrar padrões negativos, a repensar crenças e mágoas, a entender as razões dos outros e a corrigir distorções. E eu quero tudo isso aí, eu quero crescer. Crescer contando com a minha grandeza do tamanho certo, enorme em possibilidades e potencial e também limitada à condição humana e ao reconhecimento da grandeza do outro. Colocar-me lado a lado com o meu parceiro, aproveitando a soma das duas grandezas e a multiplicação dos potenciais. 

Eu chego lá, quem duvida?? kkkkk..... Pois sim, e aqui vou eu na minha missão de viajar, aprender e levar vocês comigo. Mesmo que seja viajar para dentro, rs. Não deu nem pra incluir, mas assisti neste mesmo dia a maravilhosa peça "A alma imoral" da Calrice Niskier basada no livro com o mesmo nome do Nilton Bonder. Sobre ela eu falo depois, é muita informação, vou precisar de um mês para digerir tudo. Tenham todos uma ótima semana, meus grandiosos amigos parceiros queridos. Até! :)


01 novembro 2012

O caminho é o mestre


Se tem algo que me deixa feliz e esperançosa com a vida é perceber as setas da equipe lá de cima e a sincronia das pessoas aqui na terra que vibram na nossa frequência para o bem. Basta estar atento(a) aos sinais e pedir apoio a quem nos estima, que a força de qualquer desejo se potencializa.
O Cau Trigo é um amigo peregrino que muito me ensina sobre os índios, os símbolos e as vozes da natureza, o Xamanismo, o calendário Maia e várias outras coisas. Há uns dois meses ele me procurou para me mostrar algo. Quando o vi, abri um grande sorriso ao vê-lo chamar meu nome com muito entusiasmo e os braços abertos. Achei a sua forma especialmente interessante naquele dia. Tinha deixado o cabelo e a barba crescerem, vestia colete e calças com bolsos cheios de papéis. Carregava uma mochila cheia, uma sacola e um guarda-chuva destes enormes que não dobram.
Depois de um abraço de verdade, fomos até a livraria. Lembro-me que pedi um cartão de visita para poder divulgar o trabalho dele como terapeuta e ele não tinha. Achei graça, como não ter um cartão de visitas no meio desta papelada toda? Mas este é o meu querido amigo Cau. Daí, com muita satisfação, dizendo as palavras perfeitas em um tom muito doce, ele anunciou: - Val, é com imensa alegria que quero te mostrar o meu livro. - Uau! Que ótimo Cau, que prazer! - E eu nem sabia que ele estava escrevendo um. Não pude evitar a comparação comigo, que não conseguia sair do lugar com o meu.
Então, ele pegou a mochilona, abriu-a e tirou um envelope de dentro. Imediatamente abri o envelope procurando o material, pensando que deveria ser muito fino pois estava bem leve. - Não Val, o livro tá aí! - Onde? - Falei sacudindo o papel e olhando ao meu redor.- Está escrito no envelope. Tratava-se de uma lista de tópicos escritos a caneta no envelope todo amassado. - Aí estão os 20 capítulos do meu livro, o número dos cavaleiros, que representa a totalidade da lenda maia. - Sei. E eu posso ler um? – perguntei. - Ah, eu ainda não digitei. Está tudo aqui na minha mente e nos escritos que fiz ao longo dos anos. Cada capítulo revela uma experiência transformadora para mim. Vou começar a digitá-lo, pretendo publicar o livro em novembro.

Eu que me considero uma Incrível insegura superexigente, captei atentamente aquilo, para pensar depois se seria uma loucura ou um ensinamento.
Resposta b, soube esta semana. O homem terminou o livro. Já registrou e encomendou para a editora, estará pronto em quinze dias, tinindo pra virar presente de Natal. E achei isso fantástico. Virou meu novo símbolo de coragem. Estava enrolando o ano todo, sem acreditar, procurando encontrar algo genial primeiro; daí, me aparece esse rapaz e diz: - Val, se você tem uma informação para compartilhar e não o faz, você está sonegando para o universo, está impedindo algo que precisa se manifestar. Não podemos deter o movimento do mundo que está em constante aceleração, o seu livro está pronto, assim como o meu!
- Hã? Como assim?? Que vergonha. Que pretensiosa eu sou. O cara não tinha nem uma linha digitada e eu tenho uns duzentos textos. Desde então, tudo se iluminou.
"As palavras que vêm das mentes constroem muros e as que vêm do coração constroem pontes." Assim ele terminou de me colocar no lugar, citando um provérbio eslavo. O lugar de uma aprendiz que também quer compartilhar o que a transformou em seu caminho de peregrina. Assim como estou fazendo agora. Nada mais. Nada demais. Só abrindo o coração.