28 dezembro 2010

Renovação!


Se estivesse no Brasil e pudesse escolher, certamente passaria mais um ano novo no Vale do Capão e participaria de mais uma sauna indígena.
É um ritual que acontece no dia 31 à noitinha no meio do mato. Primeiro todos se encontram em volta de uma fogueira com pedras. Neste momento joga-se no fogo tudo o que você quer se libertar do ano que passou.
Depois as pedras vão para dentro de uma sauna que parece um iglu. As pessoas entram em um sentido e saem pelo outro, o que significa não passar pelo mesmo caminho, sair diferente. Já sentados todos falam o que agradecem do ano anterior e o que desejam para o ano novo para elas e para o mundo. Isso enquanto é jogado um chá de eucalipto nas pedras. Fica muito quente e perfumado. Quando saímos deitamos na terra e depois tomamos banho no rio. É uma sensação indescritível, entramos em contato com os quatro elementos ao mesmo tempo em que fazemos uma grande limpeza. No dia seguinte sempre tem meditação na vila pela paz. Como eu amo aquele lugar!
Estava pensando em como adaptar este processo ao meu reveillon americano. Pensei em trocar a fogueira  por uma lareira. Deitar na terra fica mais difícil e tomar banho de rio parece impossível, guardo a vontade para quando eu voltar pra casa, por enquanto vai com banho de chuveiro mesmo.
Mas a lista do que quero queimar dá pra fazer.
E você já fez a sua lista? O que precisa ir para o fogo? O que quer mudar, crescer, aprender, melhorar? Sente-se conectado à natureza e todo o seu esplendor?
Tem consciência de tudo o que tem pra agradecer? Vamos orar pela paz no mundo no dia primeiro, no dia segundo e em todos os outros dias?

Desejo a vocês um ano novo restaurador como uma sauna indígena no Vale do Capão. Que o fogo queime as suas mágoas, que o ar quente com o cheiro do mato te purifique e lhe traga saúde, que a mãe terra te acolha com amor e que as águas correntes lhe tragam a oportunidade de sempre renascer.

25 dezembro 2010

Christmas in Cali lll

Esta noite sonhei que tinha voltado. Deve ter sido por causa das ligações de ontem. Carga pesada, vozes importantes, noite de natal, aperto no peito em todas.

A mensagem era unânime: Muita saudade mas se eles sabem que estou bem ficam bem também. Presente de Papai Noel!

O nosso natal segue simples e muito bem avaliado por Nina, ontem ela disse que foi o melhor de todos, abraçada com a Hello Kitty imensa que ganhou do amigo secreto.

Como disse antes, este ano comprei menos, enfeitei menos a casa e coloquei menos pratos na mesa. Mas todos gostosos, comprados prontinhos lógico, it's an american cristhmas. Mamãe fez um arroz à grega pra dar o toque pessoal.

Hoje tem mais, brunch com amigo secreto maluco. Uma tonelada de família, cada um traz uma coisa. Deixamos tudo limpinho desde ontem. É tradição ter muita champagne. Ok! Juro que vou exportar um monte destes costumes, prometo um natal diferente em SSA em 2011.

Porque estaremos aí com fé em Deus. Perto da praia, de vestido de alcinha. Porque tudo aqui é lindo, a minha família é sem comentários, MAS EU NÃO VIVO SEM VOCÊS!

Um Natal de paz no coração. Que Deus abençoe e proteja a família e o lar de cada um. Que o amor atravesse as paredes e as fronteiras e inunde o mundo.

Eu estou longe mas estou pertinho viu? Sentiu o abraço? hum, hum, hum! Bem apertado.

Merry  Christmas!!!!

Love yooooouuuuuu!!!!!!

20 dezembro 2010

Cristhmas in Cali IF, of course.


Tava tudo muito bonitinho demais. Passei quatro horas no aeroporto esperando o vôo errado na companhia aérea errada, tudo por causa de minha comunicação incrivelmente falível.

Quando voltei pro hotel a prima já estava me esperando há muito tempo. Ela alugou um carro e chegou sozinha sem gps. Fiquei besta, nessas horas me bate uma crise de identidade porque eu não sei a quem puxei. Estou começando a reconsiderar a informação do meu irmãozinho lindo que sempre disse que eu fui achada na lata do lixo.

No meio do caminho fiquei pensando que aquela viagem não poderia ser perdida, serviu para ganhar mais um know-how no trânsito de LA, pra eu escrever romanticamente no bloguito (tinha até um Mickey imagina, tava sonhando, acho que me empolguei  vendo os casais no aeroporto) e poderia servir também pra colocar gasolina no carro.

Tem tempo que Jeremy está me mostrando uma luzinha. Troquei o óleo e nada. Deve ser o ar, pensei. Parei no posto, olhei e lá estava ela, a maquininha. Ai que saudade dos nossos amigos frentistas... Mas vamos lá, comecei a ler as instruções e sempre me sinto uma analfabeta ao ler instruções, tenho que voltar cinco vezes em cada linha. Fiquei pensando que se fosse em português, se seria diferente. Coloque quatro moedas, tire as tampinhas puxe a mangueira e coloque o ar... E não consegui.

Isso embaixo de uma combinação de chuva fina com vento gelado. Abasteci e resolvi comprar um lanche na loja de conveniências pois nada dá certo quando estamos com fome. Comprei um sanduiche que estava super salgado e tomei um suco que estava super azedo, deixa pra lá.

Depois de mais engarrafamento pude finalmente abraçar meus queridinhos. Conversamos um pouco, fizemos os planos e pedi uma trégua pra família, eles foram pro Universal Studios e eu pude ficar no hotel fazendo a melhor coisa do mundo num dia assim: nada.

Agora acabei de lembrar que esqueci (eu hein?) os pininhos dos pneus de Jeremy no diacho da maquininha do posto, lá do lado do aeroporto. Bu, bu, bu... Mas acho que não tem problema né? snif. Será que vai esvaziar e eu vou ficar no meio da rua? Ai que raiva! Preciso chamar a Polly, a terapeuta ou melhor, a Debbie.

Queridos, desculpem-me. prometo que me recupero rápido deste brake IF mau humorado, vou resgatar o espírito de natal volúvel e fujão e volto com mais novidades embaladas de presente pra vocês.


Christmas in Cali

Ainda não comprei um presente. Decidimos com os primos americanos que só vamos fazer uma brincadeira com lembranças de 99 cents. Ótimo, sobra tempo para admirar a vida. As crianças não dispensam, lógico, mas eu conto com a equipe protetora das mães IF que hei de sobreviver à saga por brinquedos na Toys r us na véspera de Natal.

O clima justifica a neve, toda a roupa e a barba de Papai Noel agora fazem sentido. Todos capricham na decoração, a minha casa há muito tempo tem luzinhas e bonecos de neve. Chove e faz muito frio em Los Angeles, Sarinha adora ver a fumaça que sai da boca enquanto ela fala. Ouvimos Merry Cristhmas o tempo todo, do caixa do café a da lady que limpa o banheiro, todo mundo de chapéu temático, vi chifres e focinhos de hena até nos carros.

Músicas natalinas em todos os lugares, participamos de um jantar no hotel com direito a um trio com lindas roupas cantando de mesa em mesa. Didi assim que teve uma oportunidade alcançou o piano e fez bonito, fazendo Nina quase explodir de orgulho.

Em Palmdale o Natal acontece bem mais singelo e por isso também cheio de graça. Vimos um coral, um auto de Natal e muitas luzes por lá, as crianças amaram ver a rainha da cidade no topo de uma árvore acenando para todos.

Só quando voltarmos para casa vou começar a pensar na ceia. Acho que cada um pode fazer um prato, ou podemos comprar tudo pronto. Na nossa árvore de verdade (um pinheiro) só tem enfeites feitos pelas crianças, doces e algumas bolas que elas escolheram no supermercado. Embaixo dela um monte de saquinhos de lembranças que elas compraram no bazar da escola pra gente. Com certeza é a árvore de Natal mais linda do mundo.

Ontem fomos a um show no Staples Center: Disney on ice. Algumas vezes me peguei cantando e batendo palmas mais entusiasmada que as meninas. E olhas que elas amaram; respondiam as perguntas dos personagens, filmavam , comiam pipoca e seguravam as bandeiras da Minnie ao mesmo tempo. Amanhã vamos ao parque, Disney nunca é demais nesta época.

Estou no aeroporto esperando Sica chegar. São apenas 6:32 mas já está tudo lotado, muita gente chegando, uma euforia de abraços.

Estou muito feliz que a comadre e a prima vieram. Vitinho pôde ter um pouquinho do seu pai e eu da minha família do Brasil.

Tenham todos momentos felizes de muita paz  esta semana. Em breve mando fotos e mais notícias do nosso Natal na California. Beijos e saudades mais do que nunca,

Val.

17 dezembro 2010

Hoje viajei 100 km pra comer feijão!


Isso, bateu uma vontade enlouquecedora, achei que merecia um prêmio pelo meu trabalho IF organizador. Primeiro fui malhar, lógico, para ganhar um crédito. Depois peguei a mãe, uma prima e dois amigos brasileiros e fomos à um restaurante chamado Gauchos Village em Glendale, que faz parte da grande LA, a 100km de casa.
Ao chegar lá já não conseguia nem pensar direito, estava transtornada, fui direto ao que interessa: cardápio de bebidas: caipirinha, caipiroska, skol, brahma, guaraná antártica. Quero tudo. Buffet: Arroz, feijoada, strogonoff, salada de maionese e de rúcula, filé de peixe, purê, vinagrete, farofa, banana frita, pastel e pão de queijo. Os garçons traziam picanha, maminha, alcatra, calabresa e costelinha, juro que consegui comer tudo isso. E ainda arrematei tudo com pudim de leite condensado.
Deni, um brasileiro que está aqui há um ano quase chorou. Acho que a nossa satisfação com aquela comida era bonito de se ver. Estávamos completamente apaixonados pelo cheiro no restaurante, pelo colorido do prato e por cada garfada. Agradeci à equipe do céu 23 vezes enquanto montava as quentinhas pra levar pros filhos, embalando tudo como se fosse um tesouro.

E o que é a lei da oferta e da procura... Paguei U$ 9 + taxa + gorjeta por uma caipiroska feliz da vida. Na saída o GPS nos mandou para uma estrada bloqueada, levamos três horas pra chegar em casa, já lá pras 18h, mas faria tudo novamente para ter o grande prazer de saborear o meu Brasil delicioso, bem no meio da California.


15 dezembro 2010

De dentroparafora e de foraparadentro




Tirei uma licença para um retiro terapêutico organizador. Já faz dois meses que estou contando com a ajuda de umas queridíssimas ladies para a limpeza uma vez por semana, mas como a Deb bem avisou, aqui nós precisamos arrumar a casa para esperá-las. Porque elas não arrumam nada, só limpam, como o pessoal de hotel sabe? Se tiver alguma coisa no chão acho que elas pulam com o aspirador. Então tiro tudo antes pra valer as cem doletas que elas cobram por visita.

Há muito tempo tenho surtos de arrumação, sou capaz de ficar enfurnada sem querer parar nem pra comer até revisar tudo. Separo o que é pra dar, pra consertar, pra limpar, pra jogar fora e pra usar (sempre descubro coisas esquecidas). Aqui é muito mais fácil que aí, por isso deve levar só uns quatro dias. É isso mesmo, não esqueçam que estou falando de quatro pessoas e um auau que não pode ficar de fora do programa "recicla família".

Sinto que a medida que vou colocando tudo em ordem, faço uma faxina interna. Tenho o maior prazer de dobrar tudo enquanto vou separando os pensamentos. Procuro apagar as recordações tristes enquanto tiro a poeira dos cantos e à medida em que folgo as gavetas, também abro espaço paraos novos desejos.

Cada um com a sua mania, quero dizer, com a sua estratégia. Vale tudo para não deixar o stress e as neuroses do dia a dia tomar conta da gente. Aqui no meu caso ainda é um processo IF produtivo, passo dias orgulhosa da minha façanha no quesito dona de casa, economizo no orçamento da faxina e ainda consigo meditar.

Ainda bem que a quantidade de birutices sempre bate certinho com o tamanho da desordem. Se não das duas uma; ou iria ficar serviço pela metade ou eu poderia bater em sua porta com um olhar pidão perguntando:

- Por acaso tem um armariozinho bagunçado por aí?

12 dezembro 2010

Administrando a saudade.

Já percebi quais são os momentos em que mais aperta a saudade do Brasil:

Primeiro, quando vejo gente partir pra lá. Ontem foram oito dos mais chegados da minha família. Passaram cinco dias aqui e nos encheram da energia que só a gente tem.

Segundo, datas importantes. Esta semana perdi uma festa beneficente que costumava participar cercada de amigos que adoro. Já perdi dois casamentos imperdíveis, o encerramento de um trabalho que comecei e meio ano de festas de aniversário, snif.

Terceiro, não posso colocar os dvds, ver as imagens, ouvir as músicas. O povo aqui já reparou, é só começar a assistir que fico num estado anestesiado congelado nostálgico de coração espremido.

Para sobreviver, coloco o foco no próximo hóspede, ontem foi a fadinha que voltou, no dia 18 tem comadre e no dia 20 mais uma prima amada :))) 

Vou aproveitando ao máximo os feriados e festas daqui, ontem fomos participar da comemoração de Natal da cidade. Tudo aqui é tão lindo nesta época que é preciso um post exclusivo para descrever.

E por último, música americana na caixa. Estou conhecendo novos grupos, aprendendo a distinguir os estilos e começando a entender as letras. Vou dançando assim para administrar a saudade e comemorar o momento presente.

10 dezembro 2010

Era uma vez um comentário que virou post...



Achei muito interessante seu último texto. Sua conversa com Victor foi incrível.

E na mesma hora, me lembrei de Eduardo Portela que deixou uma pérola:
Não sou ministro. ESTOU ministro.

SER e TER. Victor vai entender estes dois verbos, tenho certeza. Ambos
são muito importantes e fazem parte da nossa vida. O que você é, você
tem.
Se você É generosa, você TEM generosidade.
Adjetivo = substantivo.

SER e ESTAR

Não sou gorda. Estou gorda.
Não sou chata. Estou chata.
Não sou triste. Estou triste.
Não sou rabugenta. Estou rabugenta.

A temporariedade ameniza e consola... Mesmo que não seja verdadeira.

Você nem imagina o meu prazer em ler sobre suas aventuras neste safari. Ri muito, ganhei o dia e por empatia visualizei estes encontros.
Eu não sou triste. Eu estava triste e de repente, a tristeza sumiu e a alegria voltou e eu pensei:

– Não sou velha. Apenas, de vez em quando, eu estou velha.

Obrigada por tudo.
Bjs.


Não posso contar quem me escreveu isso mas posso dizer que é parente, o que me enche de orgulho. Achei tão Incrível que não aguentei, tive que dividir com vocês.


Obs: Ela não é nem está gorda, rabugenta ou velha. Não adianta tentar que não dá pra esconder os seus encantos e este comentário é uma pequena demonstração disso.


Muito obrigada a você por tanta inspiração. Quem tem familia tem tudo.

05 dezembro 2010

Ser e Ter

Resolvi fazer uma faxina no HD e encontrei este texto de 2002 que escrevi para o grupo de e-mail da família. Diretamente do fundo do meu mais precioso baú para o bloguito:
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Eu sabia que precisaria de um bom motivo para voltar a escrever. Acho que é a primeira vez do ano que o faço, estava na maior resistência com outras mil prioridades enfim. Mas acabo de vir de um diálogo tão interessante com meu filhote que resolvi dividir com vocês. 

Hoje nós lemos um livro chamado "O príncipe sem sonhos" sobre a história de um menino que tinha tudo, ele não tinha tempo nem de sonhar com alguma coisa pois seu desejo era imediatamente realizado.

E isso o incomodava. Lá pelas tantas o seu sábio avô, empenhado em ajudá-lo disse:
 - Você já tem tudo o que quer. Mas ainda não é tudo o que pode ser. Um dia você vai saber a diferença entre ser e ter. Não se preocupe com isso agora...

Daí eu perguntei pro Príncipe Victor se ele saberia dizer-me qual é a diferença. Ele disse que não. E continuamos:

- Filho, o que é ser?
- É. Eu sou Victor.
- E o que Victor é?
- Um menino.
- O que mais você é?
- Bom em video-game, um pouco bom em quebra cabeças, bom em 
matemática.
- E você é amigo?
- Sou. Sou um bom amigo, um bom filho, um bom irmão.
- E você é bonito ou feio?
- Bonito.
- Educado ou mal-educado?
- Educado.
- Extrovertido ou tímido?
- Tímido.
- Sensível ou é daqueles que não liga pra nada? (Pergunta mais besta essa, nem sei por que mas foi assim que fiz, vamos dar um desconto, ora, foi a minha estréia como entrevistadora e peguei logo um príncipe)
- Sou daqueles que não liga pra nada. 
- E é bem amado ou mal amado?
- Sou muito amado.
- E o que é ter?
- Ué, eu tenho esta camisa, esta parede, este urso Teddy...
- E qual é a diferença entre ser e ter?
- Ter é quando tem e ser é quando é.
- E o quê é mais importante, ser ou ter?
- Ter.
- Por quê?
- Por que sem o Mamito eu não poderia viver.

Eu achei tão bacana ter esta breve chance de perceber como ele está se vendo e como na sua percepção de oito anos eu sou importante.

Conversamos (e é tão bonita a expressão dele quando está me ouvindo) e eu disse que tudo vem e vai. 

Que a camisa que ele está vestindo um dia vai ficar pequena e não vai mais servir. 

Que ele um dia poderá mudar de quarto e de casa e assim dormirá perto de outra parede. 

Que lá na frente ele pode querer trocar os brinquedos por outras coisas e que até o Mamito, euzinha aqui, um dia não vai estar tão perto.

No entanto o que ele é, e isso inclui o seu saber, as experiências vividas, os seus pensamentos,  e até esta conversa de hoje, nunca será levado. E quando somos, sabemos e queremos, podemos recomeçar a ter a cada instante. 

E vendo o seu olhar intrigado continuei:
-Vi, lembra do livro? Do que o avô do menino disse? Que um dia ele vai saber. Você também vai. Nós vamos ganhando as respostas aos poucos, senão não tem graça. Ai, tem tanta coisa que eu ainda quero saber também...