29 novembro 2010

Amazing guest


Acabei de receber a Ma, uma fadinha em carne e osso. Ela é filha de um casal muito querido de São Paulo, tem 22 anos e está estudando inglês em San Diego, ganhou cinco meses nos EUA como presente de formatura.

Ela merece tudo. É mesmo uma filha da mãe e do pai. Eu passei horas conversando com ela na frente das minhas para elas captarem o máximo desta que pra mim é maior de todas as elegâncias. E consegui, foi tão bom estar com a Ma que ficamos hoje o dia inteiro saudosas e meio xoxas.

Vim na estrada pensando no quanto ela é madura e educada. Tão novinha e já domina questões que eu só fui conhecer outro dia. Viajamos, nos arrumamos juntas, fomos pras casas da família e para a balada, estava tão a vontade com ela quanto eu ficaria com a sua mãe. Achei isso o máximo.

Comentei com as minhas filhas; o que faz uma hóspede virar um presente?

A delicadeza: estou aqui olhando na lareira as meias para o Papai Noel que ela trouxe pra gente, tudo em uma linda caixa de Natal com canecas para as crianças colorirem, frufrus e chocolates.

A bagagem: A Ma traz com ela um monte de experiências de sua infância, de sua família, trabalho, estudo, o namorado, dos amigos e de suas viagens. Não falta assunto. Sabe tudo sobre internet e gps, traz soluções rapidíssimas nos momentos de sufoco, participa e colabora o tempo todo.

A boa vontade: De tirar uma mesa e lavar os pratos, de brincar com as crianças, de oferecer para resolver um problema no meu celular via call center. E toda vez que alguém me oferece qualquer tipo de ajuda eu fico emocionada.

A suavidade: Tudo estava bom para ela. Sair ou ficar em casa, chegar em um hotel simples, comer o que tem dizendo que está uma delícia.

E principalmente; o astral: A calma, o interesse em ouvir todos os tipos de pessoas e aprender em todas as situações.

Na idade dela eu era tão ansiosa, ralei tanto pra aprender uma coisinha aqui e outra alí, como é que pode chegar uma fada precoce assim e dar um show desses?

A garota é tão Incrível que saiu de fininho hoje cedo para pegar um metrô arrastando uma mala no maior frio para não me incomodar. Quando acordei que olhei pro lado e não a vi, o meu coração apertou.

Precisava dizer:

- Volta logo!!! Porque nós ainda temos um monte de coisas para aprender com você.

26 novembro 2010

Thanksgiving

Chorei do começo ao fim. Desde o início do dia e sei que ainda vou chorar mais até o final deste post.

Imaginem um dia dedicado a agradecer ao Senhor pelas bençãos recebidas. Nada de presentes. Comida sim, farta e a presença de toda a família. Pessoas amigas que estão longe de casa também são recebidas com muita alegria.

A comida é feita em várias casas, quando chegamos a Deb estava de vestido bonito com um avental por cima desossando um peru. Ela recebeu 25 pessoas em sua casa, os móveis da sala deram lugar a mesas extras, de modo que todos puderam se sentar no mesmo ambiente.

Antes de nos servirmos o primo dono da casa orou, agradecendo por nossa presença e pelo alimento. E eu chorei. Começamos a comer, tudo delicioso e Deb anuncia os agradecimentos batendo a faca na taça de vinho como vemos nos filmes.

Um a um, todos falaram. E quase todos choraram. O Steve agradeceu porque a Deb disse "sim" pra ele há 24 anos atrás. Os meus filhos agradeceram pela família e por estamos aqui. A minha mãe concluiu reverenciando os nomes dos meus avós, dizendo do quanto eles ficariam felizes com este momento e do quanto é abençoada esta parte americana da família.

Eu nem sei o que falei, só lembro dos olhos emocionados das primas. Mas era pra ser assim:

Graças a Deus
Pela vida e pela capacidade de amar.
Pela família de onde eu nasci e pelos que chegaram através de mim.
Pelos amigos que já conquistei.
Pela saúde e a força para enfrentar os desafios.
Por estar nos EUA, pelo aprendizado e pelas irmãs que ganhei.
Por ser brasileira e ter um monte de gente que amo me esperando.
Por este blog, por ter leitores que me fazem sentir Incrível.
Por conseguir chorar de felicidade e de reconhecimento.
E por acreditar no futuro e na força do bem.

Happy Thanksgiving, God bless you!

25 novembro 2010

Saldo +++

Quando chegou a hora de arrumar as malas ela chorou. Correram lágrimas na despedida da minha menina por San Francisco. No terceiro dia de patinação ela estava dando piruetas e já estava ajudando os pequenininhos. Começou a se achar "do lugar", basta dizer que fazia 7°C e a pessoa só com um casaquinho, dizendo que já estava acostumada com o frio.

Mas chegou a hora de encerrar um dos nossos passeios campeões. 

Como nunca são só flores, claro que houveram trapalhadas incríveis do tipo perder o celular, perder o transporte que já tinha pago da volta pro aeroporto (tinha que confirmar com 24h de antecedência, mais uma dessas pegadinhas que ficam nas letras pequenininhas dos vouchers), coisas assim que dão muita raiva no começo, mas logo procuro me consolar porque esta sou eu, a IF!!! Não adianta que não dou conta de lembrar e fazer tudo sozinha, algo sempre me escapa. Eu já até procuro orçar tudo em minha vida com 10% a mais por conta dos prejuízos, fica bem mais fácil de aceitar.

Ah, por falar em money, é bom informar para quem está pensando em vir que eu gastei menos com esta viagem do que o valor daquela bolsa jeans feiosa da LV. Incluindo passagens aéreas, quatro noites de hotel, passeios, jantar no navio, bicicletas e translado aeroporto/hotel/aeroporto para cinco pessoas. Cada um aplica o seu dinheiro aonde recebe o melhor rendimento, rs. 

Vim no carro consolando a pequena. Pegamos avião, Jeremy estava esperando no estacionamento. Eu sempre amo chegar e largar tudo nele. Engarrafamento de horas em LA, Gilda manda a gente pra uma rodovia bloqueada, tivemos o maior trabalho pra achar outra. Saí do hotel 10:30 e cheguei em casa 20hs, arrasada de cansada mas renovada, não vejo a hora de fazer tudo de novo. Vou manter o contato, fazer os planos, me organizar porque esse namoro há de vingar. Até a próxima meu amor!


SF, my love...

Chovia quando saímos pra fazer um passeio de bicicleta. A minha mãe não entendeu mas foi. No meio do caminho enquanto olhávamos aqueles prédios baixinhos com as varandas sacadas, o sol apareceu. Pegamos as bikes e passeamos em uma ciclovia partindo do Fisherman's Wharf, um passeio imperdível. Não deu pra chegar na ponte, mas a galera está em treinamento, em breve estaremos preparados para alcançá-la.

E depois finalmente fui as compras! Desde que coloquei o pé em SF e vi o povo na rua, instantaneamente achei todas as minhas roupas de inverno feias e cafonas. Passei três dias na operação pesquisa, olhando as vitrines, os conceitos e principalmente as modelos, de todos os tipos, passando na minha porta sem parar o dia inteiro.

Só então parti pro ataque: Um belo casaco chumbo com uma gola enorme bem arrojado. Algumas meias calça pretas com estampas e para usar com elas, botas pretas longas com salto médio bem coladas na perna, que calçaram lindo. Mais dois vestidinhos despretensiosos pra colocar por dentro. Encontrei estes tesouros em lojas intermediárias, que tem um produto diferenciado, mas não chega nem de longe ao preço daquelas que citei no post anterior.

Fiquei tão feliz com os meus achados que mesmo chegando as 21h de uma jornada de bikes, compras e atenção a crianças exigentes dei conta de vestir tudo rapidinho e cair no mundo.

Na esquina enquanto esperava o sinal abrir, um homem me perguntou:
-Está dando pra ver que passei lápis no olho?
-Hã? (lógico)
Pensei: gay. Afinal, estou na terra deles. E por sinal, os caras sabem das coisas.
Mas não era. Foi só a abordagem mais criativa que já tive. Jonhatan tem 32 anos e já namorou uma brasileira. Descobri isso em 15 minutos de conversa na esquina. Ele me chamou para um café e me deu o telefone. Eu agradeci e segui o meu caminho com um único pensamento: paguei baratíssimo pela roupa, kkkkkkk...

Fui parar no Starlight, um bar que fica no terraço de um hotel (a uma quadra do meu)  de onde é possível ver a cidade inteira. Tomei um drink de champagne pra comemorar a roupa perfeita que vesti para SF. O DJ tocando e eu dançando de costas pra pista e de frente pra cidade, sozinha, radiante!

De repente, sinto uma mão em minha cintura. Viro, é um homem bonitão de uns 45 anos. Antes que ele abra a boca eu falo:- Ok, let's dance.

Mentira, kkkkkkkk........ ainda preciso de mais uns três anos de San Fran pra fazer isso. Tomei foi um susto danado, mas conversei com o sujeito, bonitão até, mas tirado a sedutor demais, passava do ponto.

Terminei a minha segunda taça e voltei feliz da vida para o meu novo amor, San Francisco. Esta sim foi o meu date desta noite.

22 novembro 2010

San Fran

Eu tenho uma filha que nasceu banda voou. Ao chegar em qualquer cidade deste planeta ela sempre fala:
- Mãe, eu queria morar aqui...
Mas ao chegar em San Francisco ela perdeu a voz. De longe é a cidade mais linda e charmosa que já vimos.

Estamos em um hotel em Downtown, no meio de grandes lojas e restaurantes. Fica em uma das típicas ladeiras e o bondinho passa na frente. Nas ruas muita gente linda, bem vestida e diversa andando até altas horas. Saio da rua e vou pra janela do quarto, não me canso de olhar.

Um frio danado, mas não choveu. Hoje elas patinaram no gelo, é incrível como criança pega rápido as coisas. Eu até pensei em tentar mas o pensamento seguinte do prejuízo de uma bem possível queda me impediu. Que pena que a gente cresce...

Deixei-as com Mammy e fui dar uma voltinha pelo quarteirão. Lado a lado: Gucci, Chanel, Prada, Armani, Cartier, Tiffanys e muito mais. Só de olhar as vitrines já enche os olhos. Achei a loja da Louis Vuitton ainda mais espetacular e entrei com meu filhote para ver qual é. Escolhi uma bolsa jeans desbotada com alças de lona amarelas (achando que era resto de verão) para perguntar o preço. U$ 2.490. A mulher falou e ficou me olhando para ver a minha reação. I just said: Thank you, e saí suavemente abraçada com meu garoto, muito grata por não ser refém deste mundo.

Nestes dois dias aqui não comprei nem uma meia. Ainda. Acho que amanhã vou recuperar o juízo, rs. Estava só admirando; cada casal, cada escultura, cada planta, cada poste. Aqui na esquina tem uma galeria com algumas telas de Miró, Chagall e Picasso. Interessante é que eles colocaram alguns quadros na vitrine. Para degustação, imagina isso.

Os homeless estão em todos os lugares, fazem parte do cenário. Tem mendigo cantor, outra com fantoche, uns na esquina dizendo se você já pode ou não atravessar a rua. Tudo por um quarter de dóllar.

Hoje fomos a um jantar em um navio com música ao vivo. Como se não bastasse e Golden Gate e todos os prédios já iluminados para o natal, a equipe ainda me manda uma lua cheia. A cada gole de cabernet eu suspirava de contentamento. 

Lá pras tantas deu sono na filha e como acompanhamento da sobremesa tivemos calundú dos bons. Back to the reality, no problem. Passei cinco minutos de tensão porque o maitre não conseguiu chamar um taxi pra mim. Ainda eram 21hs hs, mas como aqui escurece às 17, já parecia bem mais tarde. Mas logo quando saímos caiu um do céu um por lá, bem amarelinho com um carioca no volante.

Tem como não amar muito uma equipe dessas?

Depois que deixei todo mundo fui a um pub colado no hotel, onde uma banda estava tocando rock dos anos 50/60. By myself. É a segunda vez que faço isso, a primeira também foi em uma viagem, eu adoro esta minha  versão.

Fui muito bem recebida. Não digo só pelos rapazes que se aproximaram, todos gentis. Mas pelas mulheres também. Teve uma, já com uns 70, que foi com a minha cara, me chamou pra sentar em sua mesa e passou pelo menos meia hora me advertindo contra os homens daqui. Não quis queimar muito a pestana com o inglês, daí só balancei a cabeça, mas se eu vê-la de novo vou tentar falar um pouco sobre os homens do lugar de onde eu venho, rsrs.

Vou dormir para chegar logo um novo dia em San Fran. Não estou nem aí pra fazer os pontos turísticos porque já está estabelecida a meta de voltar várias vezes. Acho que moraria aqui fácil.

Aiai, mãe de peixe... ;)

20 novembro 2010

Vou alí...

Está chegando a hora de arrumar as mochilas, pegar a galera e cair na estrada.

Peço licença ao mundo virtual para abrir bem os olhos para San Francisco, a nossa próxima parada.

Soube que está chovendo por lá, mas quem liga? Vou feliz da vida assistir a chuva tomando um capuccino em alguma esquina daquela cidade linda.

Quero pescar umas imagens e sensações para dividir com vocês. Nunca falei aqui sobre uma viagem, vou testar pra ver se vocês gostam.

Escrevo de lá então. Oba! Idéias fresquinhas de novos ares. Até mais! :)

19 novembro 2010

Vende-se cadeiras.

Estes dias eu tenho refletido sobre o amor, procurando pensar em tudo que me faltava assim como em tudo que deixei de entregar.  

Sempre querendo melhorar. Me lembrei hoje de um filme, Fenômeno, com Jonh Travolta e Kyra Sedgwick. Já tem um tempo, é de 1996, vocês se lembram? O que Geoge (Travolta), recebe no dia do seu aniversário uma luz forte e passa a um ter uma super inteligência e tal. A história toda é muito bacana mas eu quero focar só em uma parte.

O George se apaixona por uma mulher recém chegada na cidade (Kyra), que no início é resistente a ele. Ele descobre que ela faz cadeiras e resolve comprá-las, dizendo que vai revendê-las. Cadeiras bem feias até, de juta, bem tortinhas. E assim segue o filme, a desculpa dele para vê-la era ir comprar as cadeiras e com a frequência destes encontros ele acaba a conquistando.

Desculpem-me os que não assistiram, mas dessa vez vou ter que contar o final. O George morre e ela ao chegar em um depósito dele, vê todas as cadeiras que ela fez guardadas. Ele não vendeu nenhuma sequer, as elogiava e as comprava porque a amava.

Me lembrei desta história porque eu não estava conseguindo vender as minhas cadeiras, elas estavam invisíveis.

O quanto você conhece dos sonhos dele? O quanto você os ouve, participa e torce?
O quanto você o apoia nas suas decisões loucas, absurdas e apaixonadas?
O quanto você diz pra ele que o acha bom pra caramba no que faz?

Às vezes queremos cortar as asas de um pássaro para que ele continue conosco. Dizemos que não vale a pena pensar em cadeiras. Daí ele vai esquecendo de como sabia fazer. E com o tempo ele vira algo sem graça, previsível demais e perde a sua admiração.

Você sabe quais são as suas cadeiras? Eu mudo sempre as minhas, vou até procurar pintá-las agora de uma cor mais forte.

Acredito que para manter alguém por perto é preciso deixá-lo com asas e voar junto com ele.  Este é o maior de todos os fenômenos, chama-se amor.

16 novembro 2010

biRUtiCEs

Gente, estou num processo criativo aluscinante, esse foi o melhor nome que encontrei para classificar esta fase digamos...efervescente.

Estou escrevendo sem parar, as idéias vão parindo, agora estou trabalhando em um projeto pra futuro. Esta noite quase não dormi, os pensamentos iam falando cada vez mais alto, sabe?

Só saio pra levar as crianças pros lugares, resolver as coisas da casa e malhar. Pra almoçar hoje eu esquentei de novo a comida chinesa que comprei no domingo. Adoro quando não tenho escolha porque assim como pouco e perder mais um quilinho é sempre bom.

Por que não tenho vontade de passear, rodar por aí, fazer compras? A minha mãe e a minha tia saíram cedo arrumadérrimas enquanto olhavam para mim, uma descabelada de pijama às 11am. É, o vesti de novo depois de levar as crianças, mas juro que vou tomar banho antes que elas voltem.

Eu me conheço e sei que ele vai passar, esse TOC escrevedor. Quando eu perceber que vocês estão cansados de mim, tiro o meu time e  parto pra outra. Porque morro de medo de ficar escrevendo pra um espaço cibernético oco. Mas vocês não vão fazer isso, vão?

Por baixo, o que vai ficar é o registro de uma fase maravilhosa. Ontem perguntei a um amigo se corro o risco do blog desaparecer do nada da web. Não né? Certeza?

Porque eu vou querer saber como eu era daqui a algum tempo.

Viiii.... Talvez eu precise de uma consulta. Cadê meu primo neurologista? Lipe o que você acha? Você me lê né? Hã?

15 novembro 2010

Assim do jeito que eu sou.



Chega de bandaids. Aqui está a música eleita como a levanta-astral da vez. 

Acho incrível receber músicas de presente, não custa nada e é uma prova de atenção e sensibilidade sem tamanho, sem falar que marca para sempre. Esta eu mesma me ofereci. Vem comigo, faz a mesma coisa, aumenta o volume, canta pra você, dança, solta os grilos e se ame muito, sempre!

Just The Way You Are Bruno Mars
Oh her eyes, her eyes
Make the stars look like they're not shining
Her hair, her hair
Falls perfectly without her trying

She's so beautiful
And I tell her every day

Yeah I know, I know
When I compliment her
She won't believe me
And it's so, it's so
Sad to think she don't see what I see

But every time she asks me do I look okay
I say

When I see your face
There's not a thing that I would change
'Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile,
The whole world stops and stares for a while
'Cause girl you're amazing
Just the way you are

Her lips, her lips
I could kiss them all day if she'd let me
Her laugh, her laugh
She hates but I think it's so sexy

She's so beautiful
And I tell her every day

Oh you know, you know, you know
I'd never ask you to change
If perfect is what you're searching for
Then just stay the same

So don't even bother asking
If you look okay
You know I'll say

When I see your face
There's not a thing that I would change
'Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile
The whole world stops and stares for a while
'Cause girl you're amazing
Just the way you are

The way you are
The way you are
Girl you're amazing
Just the way you are

When I see your face
There's not a thing that I would change
'Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
'Cause girl you're amazing
Just the way you are.

14 novembro 2010

broken heart

Estou aqui naquele momento neurótico tentando calcular se as alegrias do amor vivido compensam a tristeza do término. O pior que o resultado dessa conta só chega bem mais tarde. A equipe lá de cima é realmente lenta em alguns processos, faz questão que aguardemos o poderoso “tempo”. Não adianta pedir, implorar, fazer promessa, eles não abrem mão. Regra duríssima para uma ansiosa IF como eu.

Uma vez um amigo filósofo do Ceará me disse que quando nos relacionamos criamos uma energia feita da união das duas energias, chamada egrégora. E quando nos separamos esta energia  parte-se causando um desequilibrio, proporcional ao envolvimento, ao tempo da relação, à afinidade e tudo o mais.

Como se não bastasse a dor do coração partido temos agora a dor da egrégora partida. Ai!

Este é um dos momentos em que sinto inveja das casadas. Estou bem mais pro morno constante do que para a variação nas nuvens/na lama/nas nuvens/na lama. Tá, não dá pra escrever o que eu digo em uma fase pós término recheada de dor de cotovelo. Mas que eu quero me casar e ser feliz pra sempre, isso eu quero.

Vamos ver, já me disseram que o que é do homem o bicho não come, que o que tem que ser será , que o futuro a Deus pertence, que Ele escreve certo por linhas tortas e que ninguém  tira o que está reservado para nós. Faltou alguma? Ah, estou me agarrando a todas queridinhos,  enquanto espero o tal do bendito tempo passar.

13 novembro 2010

Água Oxigenada


Já não comecei bem, hoje é o dia do aniversário de uma pessoa muito amada que está muito longe. Acordei a 40%, meio chorosa e com aperto no coração.

Ligo o computador antes de levantar da cama, hábito novo, sempre na esperança de ter comentários de vocês. Nada, mas também sei que o post de ontem ficou sem graça. Achei por lá foi um e-mail duro mas merecido desses de um ponto final de uma vez por todas no relacionamento. Já esperava mas mesmo assim doeu.

Respondo lá qualquer coisa, como lá qualquer coisa, visto lá qualquer coisa e me arrasto para o shopping com as crianças. Lista grande, uma precisa de botas, outro casaco e tênis, também tem que cortar o cabelo. Vamos ver lanche que cada um quer, não pode comer muito porque tem jantar na casa da tia as 5 p.m.

Fizemos tudo e resolvi fazer as unhas, achei uma boa idéia fazer uma gracinha pra mim. Enquanto estava no salão, que tem uma cadeira ótima que faz massagem, pedi ao filho que levasse as compras no carro. Relaxo com os pés na água morna, a moça coreana era bem delicada, fiz de conta que era um carinho.

Daí ela vai fazer a mão e me pergunta se pode tirar uma verruga que eu tenho na ponta do dedo, disse que ela tem uma que ela mesma tira. Eu não sei se estava anestesiada com a massagem, meio out com os acontecimentos ou hipnotizada pelo pseudo carinho dos seus olhinhos apertados, mas quando dei por mim já estava vendo alicate, mão e sangue, sem saber qual era o quê. 

Ela continuou sorrindo com aquela carinha de gueixa, saiu e voltou com um tanto de pomada na ponta do dedo, enquanto eu tentava escrever uma mensagem meio desesperada para a prima com a mão esquerda:
- Como é água oxigenada em inglês???

Nada do sangue parar e vinha mais pomada, mais algodão e mais coreanas sorridentes para acudir.
Apertaram tudo com um bandaid (pelo menos esse eu vi que estava limpo) que estou usando até agora com medo de tirar e ver no que deu.

Sim, mas deixa pra lá, eram 4:30, hora ótima de sair. Desta vez vou chegar no horário na casa da Tia!

Na saída aquele frio,corre a mão na bolsa pra pegar a chave, não está, lembrei que dei pro filho.
- Filho, dá a chave. 
- Não ta comigo.
- Filha, dá a chave.
- Não tá comigo. Eu dei pra ele.
- Eu dei pra ela....

E assim é a minha vida, passei uma hora olhando em todos os lugares, fui três vezes ao salão e quanto mais eu perguntava cadê chorando, mais a coreana respondia que não viu sorrindo.

Buáááá.... Com direito a virar a bolsa no chão esparramando tudo. E minha tia esperando...  A chave do carro ta na casa e a chave da casa ta no carro... E aqui no shopping não tem taxi... Eu não dou conta de fazer tudo sozinha.. ai meu dedo... E eu vou ter que incomodar a Deb...bu, bu, bu, buáááá....

Até os meninos se calaram, viram que o negócio tava grave. Fui respirando até que me recompus, catei as minhas coisinhas no chão e liguei pra ela. Em 10 minutos o anjo protetor das primas IFs apareceu. 

Primeiro me levou na casa da Tia, onde tive o melhor jantar do ano. Já tinham me dito que o fry chicken dela era o melhor da América, mas só comendo pra entender. Na confusão tinha até esquecido que estávamos famintos. Saladas, pãozinho feito em casa, mashed potatoes com um molho especial, milho mole e doce, sorvete com casquinha de chocolate, uma taça de vinho pra rebater. 

Nem sei mais onde é que eu estava. Obrigada equipe do céu pelo brake amoroso e delicioso. Thank you my beloved Tia!!!

Saio de lá bem melhor e quando chego no no mall, os primos já estavam me esperando. Eu não tenho marido mas tenho primas de ouro que me emprestam os delas. Ô povo bom!!!

Chega o carrro do seguro, o cara abre Jeremy que não gostou nem um pouco da invasão, apitou pra valer. Pelo menos sabemos que o alarme funciona. Aliás tudo funciona no meu Jeremy lindão maravilhoso. 

Pego a chave de casa, a  prima me leva pra lá, pegamos a chave extra de Jeremy e voltamos pro mall.

Finalmente venho pra casa dirigindo o meu querido. Vou arrumar tudo, ajeitar as camas dos meninos enquanto penso na vida.

Primeiro, passar por conflitos em família é uma grande escola. Nestes momentos nos unimos mais, conhecemos as habilidades, podemos ser acolhidos e termos a prova de que somos amados. 

E segundo, tem dias que não é pra sair, acho que todos os sentimentos precisam ser respeitados e processados, vale a pena esperar um pouquinho pra buscar mudar a energia. Pra que a pressa? Tudo, até aquilo que dói tem o seu valor e seu propósito.

E o nome é peroxide. A água oxigenada americana, para o caso de você vir aqui e se deparar com ela, a coreana sorridente hipnotizadora. Nada como ter recursos para estancar o sangue e o choro de um dia assim.

Ih! 12:19, já virou. Oba!


12 novembro 2010

Veterans day

Hoje o primo começou o dia no facebook com esta música:

And I’m proud to be an American where as least I know I’m free.
And I won’t forget the men who died, who gave that right to me.
And I’d gladly stand up next to you and defend her still today.
‘Cause there ain’t no doubt I love this land God bless the U.S.A.

Lee Greenwoodacebook 


Hoje é feriado, dia de homenagem aos veteranos de guerra, as pessoas que serviram ao país. O respeito e o valor que eles tem aqui é enorme, já tinha percebido que eles recebem descontos e muito acesso aos lugares, tem atendimento médico vitalício e uma série de outros benefícios.

Este é o meu tio que serviu na segunda guerra, na Korea do Norte e no Vietnan. Esta foto  estava hoje estampada no FB de todos os filhos e netos com o maior orgulho.

Eu não me lembro de conhecer ninguém no Brasil que serviu ou de ver alguma homenagem depois que saí da escola primária. As únicas memórias que tenho relacionadas a isso são dos desfiles de 7 de setembro. Era só quando me lembrava dos nossos soldados, que felizmente não tem tido estas batalhas para enfrentar.

Já aqui, em seis meses, esta é segunda vez que me deparo com esta reverência. A primeira foi no Memorial day, em Maio, que é uma espécie de dia de finados para homenagear os soldados que morreram lutando. As pessoas se vestem com as cores da bandeira, tem várias cerimônias. Eu não estava no 04 de julho, mas sei que é importantíssimo também para eles.

As pessoas aqui acreditam que são livres porque outros se sacrificaram por eles e não se cansam de homenageá-los e agradecê-los por isso. Parece que isso os fazem sentir mais poderosos, o orgulho de ser americano está estampado em todos os lugares, todas as as casas, já vi até uma garagem toda a pintada com a bandeira. É explícito como eles são unidos por este propósito. Aos soldados cabe honrar defender a pátria amada com todas suas forças e a corresponder a toda essa responsabilidade, custe o que custar.

11 novembro 2010

Education first, please.


Fico pensando nos fatores que fazem esse país funcionar.
As minhas três primas daqui  trabalham com educação. Elas me disseram que o governo americano paga U$350 POR ALUNO POR DIA na escola. Cabe a instituição administrar esta receita, pagar  as despesas e os professores. 
Um professor de ensino médio sem especialização recebe cerca de U$ 50.000 por ano. Uma das primas que e professora com mestrado em matemática recebia U$ 72.000 para trabalhar nove meses. Se ela quisesse trabalhar no summer school, ganhava mais por isso.
Para ser um professor da escola pública é preciso estudar dois anos a mais pra ter a certificação necessária e geralmente ganha-se mais nela do que na particular que não exige esta certificação.
Os meus três filhos estão estudando em escola pública, um no high school e duas no fundamental. Eles não sentiram em nada a diferença de vir de uma escola particular do Brasil. Perceberam sim que existem crianças bem mais pobres e bem mais ricas, umas que falam inglês e outras espanhol e mesmo assim todos se entendem.
A programação da escola é vasta, são vários projetos de geografia e ciências, desfiles, muito homework, integração com os pais na escola. Se mandamos um e-mail para um professor, não leva 24 horas para que ele responda com explicações detalhadas sobre a criança. Se eles acham a pergunta mais séria, ligam pra conversar ou chamam na escola. Eles tem aula de computação, ESL (para desenvolver o inglês), artes e esportes.
O esporte é valorizadíssimo,  eles não são só cobrados pela presença e participação mas também pelo desempenho. O meu filho tem que correr uma milha em 10 minutos. Se ele não conseguir tem que fazer na semana seguinte uma milha e meia em 15 minutos. Outro dia ele estava me chamando pra treinar no parque, eu nunca pensei que fosse ouvir essa. Fomos, lógico. 
Ele tem também aula de saúde e de discurso. Super útil. A disciplina aqui também é coisa séria. Todos os dias tem juramento a bandeira e todos cantam o hino com a maior reverência.  Se ele chegar atrasado três vezes ou deixar de usar o crachá de identificação tem que  prestar serviços para a escola como ajudar a recolher  lixo por uma hora. Não sei nem o que acontece se for coisa pior, mas eles contam com o total apoio da polícia, sempre vejo um carro por lá.
A minha mãe que foi diretora de escola pública no Brasil chega a suspirar. Competente como ela é, se contasse com esta autonomia, estes recursos e tal estrutura, realmente poderia ser bem mais eficiente como agente transformadora.
Isso tudo se reflete nas maneiras, as palavras mágicas aqui saem naturalmente em quase todas as frases, mesmo vindo de crianças muito pequenas. As pessoas seguram a porta pra você, te deixam passar, obedecem as regras de trânsito, respeitam seu espaço sempre mantendo uma distância. 
Às vezes isso até me parece formal demais, mas é a forma deles fazerem a coisa funcionar. E estamos aqui para aprender o que há de bom em tudo isso. No nosso calor humano e em outras tantas vantagens a gente não mexe.
Já percebo um avanço nas crianças, hoje a minha filha me agradeceu pelo jantar. Simples, mas antes não acontecia por mais que eu falasse. Pode ser que isso pegue por osmose. Eu também estou procurando ficar mais atenta, vai ver que o exemplo melhorou. Pode ser também que ela esteja valorizando mais o que recebe, já que tudo quem faz aqui é a gente mesmo.

Thanks to American education and their way of life for that.