09 novembro 2010

Escolhendo as batalhas

Sempre que temos filhos queremos deixá-los lindos. O meu primeiro nunca esteve nem aí para roupas, eu poderia pôr nele o que eu quisesse que tanto fazia. Adorava chegar da loja, vestí-lo e vê-lo saindo como um príncipe, o meu principezinho lindo!

Daí nasceu a segunda que para a minha completa surpresa veio diferente. Não gostava muito do que eu comprava. Queria fazer umas combinações para mim loucas de cores (eu detestava vermelho com rosa, pode?) e modelos, queria colocar todos os acessórios do guarda roupa de uma vez.

A terceira quando invocava com uma roupa só queria aquela para ir à escola e à festa, dia e noite, estivesse frio ou calor.

Lembro-me de perder tanto tempo com isso, a saída de casa era uma confusão, levava horas e doses cavalares de energia. Estava querendo sempre que elas vestissem o que eu achava bonito para agradar quem eu queria. Thanks God estou caindo na real e acho que em tempo,  está tarde para brincar de boneca.

A minha prima Deb sempre diz: You should choose your battles. Quer dizer "você pode escolher as suas batalhas"; e Is it a hill you're willing to die on? "É nesse monte que você está disposto a morrer?" 
Está guardado, querida professora de tantas coisas.

Esta elas venceram, já escolhem suas roupas. Aqui não usa-se uniforme então elas tem muitas oportunidades de vestirem-se como querem para irem treinando esse tal estilo pessoal. Compro roupas tão boas quanto baratas nos supermercados e nas lojas de departamentos, então se acabar não sofro tanto, aliás não sofro nada. Ótimo assim porque ainda não estou dominando totalmente o departamento de lavanderia e volta e meia acabo com uma.

Aprendemos a olhar a previsão do tempo todos os dias porque cansamos de ser pegos de surpresa, a temperatura aqui varia muito. Elas já teimaram e sentiram na pele que o frio aqui é pra valer, então quando vêem no site marcando menos de 60º F, já vão quietinhas pegar o casaco.

E é só. Vermelho com rosa é lindo, cinco pitucas no cabelo com colar, anéis, pulseiras, brincos, bolsa e chapéu de lantejoulas também. Certo que de vez em quando ainda me escapole uma arregalada de olhos ao ver uma camiseta preta com um Justin Bieber enorme tomada de brilho às seis da manhã. Mas disfarço.

Na semana passada a caçula quis ir pra escola a semana inteira com a mesma saia. E eu nem aí. Cinco diaaaaas! No último, na saída, a minha mãe perguntou: -Ué, vai deixar a menina ir de novo com a mesma saia? Você não liga??
- Não Mãe, não é ótimo? Esta batalha eu pulo. - Leeet's gooo filhoooosssssss!!!!!!!

8 comentários:

  1. Eu ainda estou neste dilema, mas só nas ocasiões mais formais. Adoraria que Teté gostasse dos penteados como suas coleguinhas mas é praticamente impossível colocar até mesmo uma tic tac. Fazer o que, ela vai sempre linda com seus "lourinhos" soltos para tudo quanto é canto: da festa de 80 anos do tio avô à aula de Ginástica Rítmica.

    ResponderExcluir
  2. Acho massa a liberdade de criar...cores luzes ai vem os grandes insites da viida...
    Ser livre, enquanto se pode ,warum nichts???
    Minha amiga querida que bom permitir aos filhos ,ainda que sejam nossos principes e princesas escolher....nada da caretisse bahiana de dizer :"essa mae nao liga pros filhos"...
    HOje tive a oportunidade de ir em um super hospital aqui na Alemanha,meu Deus os medicos ,gaaaaaaatttos todos super doutores vestidos tao simples...no Br estariam de gravatas so para causar boa impressao.Mnha pergunta :SER OU PARECER:::
    Acho que Seeeeerrrrr é basico e fundamental...
    Massa a possibilidade de ser ,poder e sempre acontecer,nossa cabeca de mae que segure a onda.

    ResponderExcluir
  3. Valzinha os filhos crescem e tem suas proprias escolhas vá se acostumando pois ainda estão só nas escolhas das roupas logo ,logo vão escolher,profissão,local para morar e muitas vezes infelismente vc terá que abrir mão pois não podera estar em três lugares ao mesmo tempo é Val a dura realidade os filhos crescem rsrrs,vc tira isso de letra como sua mãe tirou quando vc e Marcos fizeram as suas escolhas,cada um para um lugar diferente,mais ela tinha a certeza do amor que vcs tinham por ela e que estavam tornando independentes ,mas é para isso mesmo que temos o Natal e tantas outras comemorações que nós unimos com a FAMILIA,eu rezo para que essa distância,esse crescimento demore para chegar aqui em casa como na casa de todos que tem filhos,pois ainda tenho olhos para Zeca de uma criança de 3 anos,que precisa 100% de mim,é egoismo meu ,sei disso mas se eles não cresecem seria maravilhoso,rsrrrs...Bjs.

    ResponderExcluir
  4. Lela querida é a primeira vez que leio este teu blog e já vi uma capa linda na livraria inspirando tantas como nós que tentamos sempre!

    ResponderExcluir
  5. Querida Valéria,
    Segue um texto que gosto muito, com ele já chorei e ri muito, muitas vezes, quando estive fora do Brasil. Acho que você também vai gostar.

    Desejo muita luz, alegria e paz !

    Um Beijo grande para você e a família.


    Marina Ruz

    A Viajante
    Rubem Braga

    Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá.

    Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da vagabundagem, eu não direi que fique.

    Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma coisa ou caçando outra. Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida — e às vezes reparamos que é ela que se vai, está sempre indo, e nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando. Assim estou eu. E não é sem melancolia que me preparo para ver você sumir na curva do rio — você que não chegou a entrar na minha vida, que não pisou na minha barranca, mas, por um instante, deu um movimento mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao murmúrio das águas. Foi um belo momento, que resultou triste, mas passou.

    Apenas quero que dentro de si mesma haja, na hora de partir, uma determinação austera e suave de não esperar muito; de não pedir à viagem alegrias muito maiores que a de alguns momentos. Como este, sempre maravilhoso, em que no bojo da noite, na poltrona de um avião ou de um trem, ou no convés de um navio, a gente sente que não está deixando apenas uma cidade, mas uma parte da vida, uma pequena multidão de caras e problemas e inquietações que pareciam eternos e fatais e, de repente, somem como a nuvem que fica para trás. Esse instante de libertação é a grande recompensa do vagabundo; só mais tarde ele sente que uma pessoa é feita de muitas almas, e que várias, dele, ficaram penando na cidade abandonada. E há também instantes bons, em terra estrangeira, melhores que o das excitações e descobertas, e as súbitas visões de belezas sonhadas. São aqueles momentos mansos em que, de uma janela ou da mesa de um bar, ele vê, de repente, a cidade estranha, no palor do crepúsculo, respirar suavemente como velha amiga, e reconhece que aquele perfil de casas e chaminés já é um pouco, e docemente, coisa sua.

    Mas há também, e não vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidão e de morno desespero; aquela surda saudade que não é de terra nem de gente, e é de tudo, é de um ar em que se fica mais distraído, é de um cheiro antigo de chuva na terra da infância, é de qualquer coisa esquecida e humilde - torresmo, moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, conversa mole, peteca, qualquer bobagem. Mas então as bobagens do estrangeiro não rimam com a gente, as ruas são hostis e as casas se fecham com egoísmo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto em sua língua dói no exilado como bofetadas injustas. Há o momento em que você defronta o telefone na mesa da cabeceira e não tem com quem falar, e olha a imensa lista de nomes desconhecidos com um tédio cruel.

    Boa viagem, e passe bem. Minha ternura vagabunda e inútil, que se distribui por tanto lado, acompanha, pode estar certa, você.
    Rio, abril de 1952.
    Texto extraído do livro "A Borboleta Amarela", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963, pág. 145.

    ResponderExcluir
  6. Meu Deus, eu acho que estou brincando de boneca com minha filha ate hoje! Ela ja tem 15 anos e eu ainda quero dar minha opiniao, mesmo que ela ja nao conte muito. Tadinha da Amanda... mas a gente se endente sem magoas. Hoje em dia, ela e quem me ensina os truques de maquiagem!

    ResponderExcluir
  7. Quando eu crescer quero ser igual a vc!!!!! Minha "ídala"!!!! KKKKK

    ResponderExcluir

A INCRÍVEL falível espera ansiosamente por um comentário seu: