Castelos temporários

Nesta viagem o que mais vemos são palácios e castelos. Grandes ou muito grandes, mais ou menos suntuosos, medievais, renascentistas, góticos e modernistas.

Estive no castelo de Chambord, no de Versailles e no de Paris onde hoje é o Louvre. Fizemos um passeio de Boppard para Saint Goar pelo rio Reno onde podemos avistar vários deles, cravados nas rochas no alto das montanhas.

Em Fussen, na fronteira da Alemanha com a Áustria, conheci o castelo de Neuschwanstein, ou o castelo do rei Louco (Luis II da Baviera), junto aos alpes bávaros em uma paisagem espetacular. Este castelo serviu de inspiração para Walt Disney criar o castelo da Bela Adormecida. Quase morri de saudade das minhas filhas aqui, elas amariam ver os castelos de verdade.

Nos castelos encontramos quadros com pinturas da nobreza que habitou ali, aposentos, móveis e objetos pessoais como roupas e joias. Os castelos passaram de geração a geração até virarem museus. Vários reis foram enterrados nos castelos e nas abadias, nós visitamos também alguns túmulos.

Tudo temporário. Todos pegaram as coroas emprestado, agora acho que não resta nem o pó na maioria das suas nobres tumbas. Tirando o Napoleão, a Maria Antonieta e mais uma meia dúzia de reis, a maioria de nós confundimos os seus nomes e os seus feitos.

Ah, o orgulho, que armadilha. Tentei me colocar no lugar deles para pensar em como seria se fosse rainha. E rapidinho eu me lembrei que eu sou uma rainha, é só colocar em proporções.

Uma rainha sem  rei é verdade, ninguém precisa me lembrar disso, mas com três príncipes lindos e inteligentes. O primeiro ministro do meu reinado é o meu irmão. A minha rainha mãe tem porte pra dar inveja a muitas rainhas por aí. Em meu castelo só entra a nata da corte em quesitos do bem. A minha chefe da guarda se chama Anika e sempre late com muita eficiência para nos avisar de possíveis invasões. A minha carruagem me leva rápido aonde eu quero, só depende do engarrafamento da Avenida Paralela.

Enfim, nós somos reis de nossas famílias e os melhores castelos do mundo são os nossos. E assim como os reis daqui, estamos pegando tudo emprestado. Feliz de quem sabe disso e consegue não se achar nem aquém nem além dos outros. Em um reinado passageiro como o nosso, o maior tesouro que podemos ter são as boas sementes plantadas, a consciência de nosso humilde lugar neste universo e as boas recordações como as de uma viagem como esta.