26 setembro 2010

Clorox

Para Vera :)

Uma das coisas que mais imaginava que seria difícil vir para cá era o porre do trabalho doméstico, este que é mal remunerado, não reconhecido e infinito. 


Até que uma prima me ensinou no Canadá alguns segredos da felicidade:


1) Deletar o arquivo anterior. País novo, hábitos novos. Ninguém limpa casa aqui como no Brasil. Aquele negócio de jogar água e esfregar o chão com a vassoura não existe.


2) Não entrar de sapato em casa, os germes não estão incluídos nos convites. Tem chinelinhos e havaianas na porta, então se você está pensando em impressionar com aquele salto, esqueça. Nos States já é bem mais flex, eles não ligam tanto.


2) Princípio básico do bem viver: abriu fechou, pegou gardou, sujou, limpa alí na hora. Missão quase impossível para quem tem várias crianças. Eu disse QUASE, estamos aqui para melhorar e eu sou brasileira, não desisto nunca.


3) Se valer das máquinas e produtos. Máquina de lavar e secar pratos, máquina de lavar e secar roupas, se tivesse uma de lavar os meninos eu iria alugar também. Coloca lá, super soap, amaciante, lencinho pra ficar cheiroso e um abraço. Chão? Wetjet. Já viram? Um esfregão que tem um papel descartável na base e uma garrafa do produto acoplado. Espirrou, passou, tira o papel e joga fora.


4) Sim, good point: Nem pensar em lavar uma coisa que se usa pra lavar. Sacou? Meu nome agora é papel toalha e clorox, o lencinho descartável umedecido que saio passando em tudo, cuidado, excuse me!


Ah, e muito importante, desenvolver um pensamento anarquista, libertário. Tipo assim, se eu não quero ou não tenho tempo encaro que não vou fazer, que não estou nem aí e que danem-se os que fazem. Isso eu aprendi com uma tia. É, quem tem família tem tudo. Ela não arruma a cama, ri e tira onda de todo mundo que arruma. Aí toda vez que eu não estou afim, deixo tudo uma loucura e fico imitando a risada dela.


Mas depois quando volto eu preciso arrumar. É o TOC. Se vejo a roupa suja juntando e crescendo, surge uma ebulição no meu estômago, que não me deixa fazer nada. Adoro escrever com a mesa limpinha e o barulho da máquina lavando, me dizendo. -Puxa, você está dando conta! 


Eu vou falar mais depois sobre estes diálogos de Reforço Incondicional Positivo que tenho comigo. Me habituei a me orgulhar de pequenas coisas e a buscar os meus próprios elogios. Desta vez falei assim:


-Danada! Você não pegou uma faxineira até agora, está mostrando as crianças como cada um deve cuidar das próprias coisas. Independente, experimentando uma situação mais justa como deve ser. Mandando bem Valzinha!!! Juro que faço isso.


Será que é um traço esquizofrênico? Cris, o nome dela, essa do RIP


Sim, mas vamos voltar porque eu preciso dizer que mesmo com todo este arsenal desenvolvido para facilitar a sobrecarregada vida das donas de casa canadenses e americanas, de vez em quando eu vou lá e a pego! Ela, a bucha. Com o sabão em barra e o bom e velho pinho sol. Esfrego pra valer, passo pano e deixo aquele cheirinho de casa limpa do Brasil.


3 comentários:

  1. Amei a maquina de lavar as crianças,assim que surgir ai kkkkk,me avisa que eu compro uma.

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  2. Lembrei do dia em que, janeiro de 2003, recem-casada, fui limpar o banheiro daqui de casa pela primeira vez! Joguei AQUELE balde de agua, sabao, agua sanitaria, tudo junto... e foi depois que percebi que no banheiro na Inglaterra nao tem buraco de esgoto para escoar a agua suja! E o medo de ter uma enchente no apartamento e os vizinhos chamarem os bombeiros?? kkkkk!!! Bjs amiga!! Joga duro!!

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  3. Hahahahahhh, ô trabalhinho ingrato e sem fim!
    Beijos!

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