11 abril 2013

Meia noite em Paris

Meia noite em Paris


Pensando em minha próxima viagem, ontem assisti novamente "Meia noite em Paris", o filme do Woody Allen que mais adoro. Em 2012, o filme levou o Oscar de melhor filme, direção, direção de arte e melhor roteiro original.
O tema "nostalgia" é tratado de forma genial. As imagens são lindas. A música, o desejo de andar na chuva, tudo é um deleite para os nossos sentidos. "Podemos ir a um lugar onde possamos ouvir nossos pensamentos?" Diz o Gilbert Pender, interpretado pelo fantástico Owen Wilson, ao conduzir a Adriana (a linda Marion Cotillard) para um dos passeios poéticos do filme pelas ruas de Paris.
Gil é um escritor americano que quer morar em Paris, mas gostaria mesmo de ter vivido na cidade luz em outra época. No processo criativo do seu livro, onde o personagem principal trabalha em uma loja de antiguidades, ele tem a oportunidade de "visitar" os seus grandes ídolos: Scott e Zelda Fitzgerald, Ernest Hemingway, Salvador Dali, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Cole Porter, entre outros. Os diálogos são incríveis e eu trouxe de presente uma palhinha.
Ecstasy para muita gente é uma pílula para ficar louco. Êxtase para mim é algo como o Ernest Hemingway na pele do Corey Stoll, que ao conhecer o colega escritor com baixa autoestima o encoraja ao dizer: "No subject is terrible if the story is true, if the prose is clean and honest and if it affirms courage and grace under pression." Ou seja: "Nenhum tema é horrível se a história é real, se o texto é claro e sincero e mostra coragem e encanto sob pressão."
E segue honestamente: "Não me dê seu livro para ler porque eu vou odiá-lo de qualquer maneira. Se for ruim, porque odeio péssima literatura, e se for bom vou odiá-lo porque terei inveja, escritores são competitivos! Se é escritor, seja o melhor escritor!” Foi bom pra você como foi pra mim?
"Nostalgia é a negação do passado doloso, é a busca por um mundo melhor do que o que vivemos", diz um outro personagem do filme. Pender, que é de 2010, queria ter vivido nos anos 20 (a época de ouro), se apaixona por Adriana, que vive nos anos 20 e gostaria de viver na Belle Epoque, em 1890. Eles vão até lá e ao sentarem-se com Tolouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgard Degas ouvem que aquela é uma geração "desprovida de convicção e imaginação", que eles gostariam de ter vivido na Renascença (fim do sec. XVIII até meados do XIX). E então Pender repensa esta insatisfação que é de todos, não importa a época em que se viva.
E para fechar, uma da Gertrude Stein na pele da maravilhosa Cathy Bates, ao orientar o Gil no seu livro:
"- ... Tememos a morte e questionamos o nosso lugar no universo. A tarefa do artista é não sucumbir ao desespero, mas achar um antídoto para o vazio da existência."
Voilá!! Que assim seja. Me inspirando para poder inspirar outros, um verdadeiro êxtase.



Um comentário:

  1. Eu assiti ao filme e amei. Mas preciso assistir novamente para, como vc, anotar delícias como esta:
    "Não me dê seu livro para ler porque eu vou odia-lo de qualquer maneira. Se for ruim, porque odeio péssima literatura, e se for bom vou odia-lo porque terei inveja, escritores são competitivos! Se é escritor, seja o melhor escritor!"
    Muito bom, né?
    Abraço!

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