18 setembro 2013

Oásis



Quem já sentiu o amargor do revés do amor sabe
Como arde quando a alma chama o corpo para onde ele não pode voltar.
O que acontece quando uma pessoa só nos falta e o planeta fica deserto,
Quando há centenas de sorrisos à sua volta e nenhuma alegria,
Tantas lâmpadas acesas e nenhuma luz.
Quando todas as razões não explicam nada
E todas as músicas machucam.
Quando as noites são intermináveis
E o ar é insuficiente
Em uma saudade que não tem fim.

Vale a pena tudo isso só para,
Sorrir sozinha, do nada, à toa, algumas vezes?
Só para sentir o coração saltar com um bipe de telefone
E por instantes perceber tudo fazer sentido?
Só para saber o que é ser hipnotizada com um olhar
E se perder completamente em um sorriso?
Para encontrar no corpo de alguém
O seu encaixe perfeito?
Só pelo prazer fácil, natural e extremo?
Conhecer o que é ter mundo inteiro em um quarto,
A vida toda em um instante,
No silêncio do universo?

Quem souber que conte
Qual é o saldo dessa conta.
Se vale a pena ultrapassar
Essa linha de chegada ilusória
Tão perigosamente perfeita, este oásis,
Pra depois saber quanto foi.

O meu respeito aos que seguem com bravura,
Emendando os cacos das dores das paixões,
Buscando o foco depois dos tropeços
E aproveitando a beleza das jornadas.
O meu espanto a esses heróis dos acomodados,
Gladiadores de si mesmos,
Guiados pela esperança com sinais cada vez mais distantes,
Que ignoram o óbvio, o provável e o lógico,
E permitem a vida de verdade acontecer.


O beijo, de Gustav Klimt

Um comentário:

  1. Em certo tempo, após este Oásis, eu lhe confiaria meu diário e pediria o tão ombro amigo que revigora.

    Eu senti minha alma ir pelo silêncio, buscando o oásis que nunca foi meu...

    Bom lhe ler.

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