17 fevereiro 2013

Prestígio, poder e dinheiro



Chique para mim é ter assunto. E assunto é o que não falta com a minha amiga Help. E nesses dias, conversa vai, conversa vem, ou que subiu e que desceu, como ela diz, falávamos sobre a diferença entre ter prestígio, ter poder e ter dinheiro.
Sobre o dinheiro não precisa-se falar muito. Uns tem mais, outros menos. Dinheiro compra muitas coisas, manda buscar outras mas não faz pessoas felizes. Dinheiro dá poder, mas não dá prestígio.
Poder uma pessoa pode ter com sorte, com certa perseverança e com algumas habilidades. Um cargo pode dar poder, um status, um casamento. Uma carinha e um corpo bonito também. Uma oportunidade em um grande meio de comunicação, o que dizer do Big brother que há anos insiste em nos empurrar goela a baixo aquele show oco de fabricação de celebridades? A celebridade nada mais é do que alguém com certo poder por um motivo qualquer por um curto período.
Sim, o poder é passageiro. É diferente do prestígio. O prestígio vem nos nossos genes e é desenvolvido por anos, décadas. Ele é fundamentado nos valores e lapidado pela educação e exemplo dos nossos pais. Ele é aperfeiçoado com a leitura, com as escolas e com a convivência com pessoas sensatas. É a colheita de quem planta e rega por muito tempo as amizades sinceras. É resultado de um trabalho e muita dedicação e de uma sequência de atos baseada na retidão. Ele é testado a todo instante, em um país que começou errado e segue em uma cultura de cada um por si e salve-se quem puder. O prestígio vence essa correnteza, a pessoa com prestígio faz o que é certo em todas as hipóteses. O prestígio é a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos.
Percebi isso muito cedo. Aprendi o que quer dizer orgulho, em sua melhor versão, desde que me entendo por gente. Gostava de ver a reação das pessoas quando eu dizia de quem eu era filha, neta ou bisneta. Sorrisos e portas se abriram para mim, o que me faz pensar que o prestígio dá certo poder, do mais nobre, daqueles que o valoriza. Assim acontece não porque meus pais e avós tiveram muito dinheiro, e sim porque eram bons profissionais e pessoas de bem. Melhor assim, porque o dinheiro acaba e o prestígio segue para os meus descendentes.
E eis que eu estava em pleno sábado de carnaval na companhia de um prefeito recém eleito. Não sei porque a conversa subiu e desceu e caiu nesse tema. Ele falava do quão simples ele é e de que nada mudou na vida dele, mas a forma com que ele repetia isso me intrigou, parecia que ele queria dizer para si. Isso no intervalo entre um cumprimento e outro, é impressionante o assédio e o acesso que o poder dá. Aí eu achei que cabia e trouxe a reflexão da minha amiga chiquérrima Help para a prosa, querendo reforçar que bom que ele pensava assim. E foi impossível não notar a ponta de decepção no olhar dele quando eu disse que o poder vai passar, mas que o prestígio (caso ele seja merecedor de algum) vai ficar.
- Porque o poder é uma delícia não é? É tentador ter a caneta e sair mandando por aí. Mas daí até ser honesto e eficiente para alcançar o prestígio pelo trabalho realizado são outros quinhentos reais - eu disse para o homem. Ele balançou a cabeça afirmativamente lentamente e não disse nada, imagino que parou para pensar. Tem um provérbio que diz; "Quer conhecer um homem, dê poder a ele." Pensei em largar essa no prefeito também mas achei melhor não. Uma dose de cada vez, afinal era carnaval. E ziguiriguidum.
Mudei de assunto porque assunto é o que não me falta. Chique no último grau. Porque mais chique do que ter assunto só é quem tem prestígio. Ter os dois então, hummmmmm, o must!!!DEZ

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