10 maio 2013

Vestida de arte, desnuda de preconceitos.





Hoje tive o prazer de visitar o Museu do Prado, o que possui a maior coleção do mundo de pintura espanhola. Viajei no tempo através dos quadros, tinha alguns que me congelava, eu não conseguia sair do lugar. Tive a chance de estar a um metro de obras que estudei em História da arte consideradas geniais como Las Meninas, de Velasquez, Las tres gracias, de Rubens, David y Goliat, de Caravaggio, Judit, de Rembrant, e La maja vestida e La maja desnuda, de Goya, estes que escolhi para ilustrar este momento.
Temas religiosos, retratos riquíssimos da realeza, arte gótica, renascentista, um verdadeiro banquete para os olhos. Pelos quadros consegui estar na época, nas cenas, nas sensações transmitidas com tanta perfeição pelos pintores com as expressões retratadas.
E, detalhe: este museu tão diverso, organizado e moderno é de graça.
A obra de Francisco de Goya, pintor do século XVIII, é um espetáculo. Com estes quadros das majas, Goya enfrentou o tabu da nudez e foi acusado de obscenidade. Para guardar o quadro, o seu dono, Manuel Godoy, escondia a maja nua atrás da vestida.
Quando ouvi esta curiosidade no headphone parei diante dos quadros e comecei a olhar sem parar para um e para o outro. Se em pleno ano de 2013 eu tenho tabu com nudez, o que dizer desta moça, que especulam ser a Duquesa de Alba, amante de Goya, em 1790?




Como pode ser possível que a obra de um artista possa mexer com o íntimo do seu público após mais de duzentos anos? A La maja vestida de Goya me fez pensar no quanto eu estou coberta de tantas capas e La maja desnuda quis me revelar, ou pelo menos me questionou, o que há por trás de tantos preconceitos?
E eu não tinha tomado nada, juro! Ao sair de lá, sim, precisei sentar no primeiro hotel que encontrei para tomar uma taça de vinho e terminar de absorver tanta beleza. Por acaso era o Ritz e nos esperava a melhor mesa do seu lindo jardim.
Tem dias em que vemos claramente Deus sorrir para a gente não é mesmo? Hoje foi assim. Sorrio de volta, muito grata, desnuda, encantada e radiante de estar aqui.

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