Pela
primeira vez estou viajando em excursão e para a surpresa de todos -
principalmente a minha - estou gostando. Acredito que seja porque estou
aproveitando a chance de ser cuidada, pela primeira vez em muito tempo não
tenho que me preocupar em onde vou alugar ou parar o carro, em escolher hotéis,
em ter que ficar tão atenta com malas e horários, ter que chamar tanta gente,
enfim. Estou amando ter um anjo da guarda, a Zezé, perguntando o que eu quero
comer e me ligando para me acordar pelas manhãs. Estou em um grupo com mais
onze pessoas e entre elas a minha mamãe, então são dois anjos por perto, sou
mesmo uma menina de sorte.Em alguns trechos viajamos de ônibus, o que não é lá
um sacrifício quando se está na estrada de Madri para Paris, entre campos e
montanhas em plena Primavera. Neste momento aproveito para contemplar tudo
isso, dormir, estudar e escrever. É, sou uma turista aplicadíssima, fico até
besta, dessas com câmera e guia da Folha de São Paulo em mãos o tempo todo.
City tour então eu não perco nenhum, a maioria destes lugares estou conhecendo
pela primeira vez, é uma viagem de city tours, eu preciso deles, já vim
conformada com isso. Estou fazendo várias propostas para Deus para que Ele me
permita voltar trazendo os meus filhos e assim mais segura reassumir a minha
posição de guia. Estou me apaixonando pela Europa e quase nem me lembro do meu
ex, os States, ai como sou volúvel, eu sei, quem quiser que confie.
Mas
antes de voltar ao posto deixo-me aos cuidados da fofa da Zezé. A minha
rebeldia só se manifesta quando o meu grupo encontra com outros grupos e todos
precisam sair grudadinhos atrás de uma guia local com a bandeirinha na mão
cheia de explicações. Aí não dá, eu peço licença e pergunto o horário e o local
de encontro para a saída do ônibus. E dou muitas fugidas e pulo umas roubadas,
enquanto todos vão as compras eu vou atrás de um museu, enquanto dormem eu
corro, enquanto comem qualquer coisa eu vou procurar uma taça de vinho da
região, enquanto vão aos shows típicos eu vou para qualquer lugar mas para show
típico eu não vou de jeito nenhum.
Até
agora só achei muito chato a conversa em voz alta do pessoal, nunca entendi
porque no ônibus todos ficam muito mais “à vontade do que no avião. Ah, e
a coletânea de Joana que toca sem parar é quase de enlouquecer. Imagino que
alguém, para se vingar de algum serviço ruim da empresa de turismo, os
presenteou com este CD e disse que todos os brasileiros a-do-ram. Só pode ser.
Voilá, vale tudo quando estamos a caminho de Paris, na próxima parada vou
procurar um protetor de ouvidos para revezar com o i-pod.
Para
tudo tem jeito quando estamos realmente dispostos a sermos felizes. Uma viagem,
como uma vida, depende de como você está aberto (a) para ela, para fazer a sua
parte e encontrar soluções para que ela seja realmente bem aproveitada. A minha
é porque eu quero que seja, e mesmo vindo com expectativas altas me surpreendo
a cada instante com estes lugares, com o esplendor da arte e com a capacidade
humana de construir um tipo de beleza que se comunica com todas as ideologias,
raças ou credos, simplesmente pela sua real autenticidade.
E
para perceber isso só é preciso ligar as antenas e sintoniza-las com o divino,
juntar sensibilidade com gratidão e aproveitar! Seja de avião ou de ônibus,
melhor ainda se for a pé, independente do grupo, da excursão ou da estrada em
que você se encontre.
"Uma viagem, como uma vida, depende de como você está aberto (a) para ela, para fazer a sua parte e encontrar soluções para que ela seja realmente bem aproveitada." - MUITO BOM!
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