26 maio 2013

Roma, un romano e una mamma brasiliana!

Quem tem amigos tem tudo. Um casal muito querido, Paulo e TT, pediram que um amigo deles, romano, me apresentasse a cidade no dia que cheguei. Ele se chama Massimo e a sua elegância e educação fazem jus ao seu nome. Conversamos em inglês, mas poderia optar por francês e espanhol.

Ele me levou para jantar no Ginger, um restaurante moderno e delicioso. Escolheu o vinho só para mim, ele não bebe. Pediu uma entrada com todas as variedades de presuntos, mortadelas, queijos e burratas, aquela mussarela de búfala que derrete por dentro, para que eu provasse tudo. Eu disse que queria uma massa e ele pediu a cacio e pepe, mas disse que eu não poderia ir embora sem provar a amatriciana e a a carbonara, as mais tradicionais. Sim senhor!

Não deixou eu encostar na bolsa, fez até cara de bravo, eu adorei. Eu estava  mesmo diante de uma espécie em extinção. Para a sobremesa ele não quis olhar o menu do restaurante e me levou para tomar sorvete na Piazza Navona, que tal? Íamos andando pelo centro da cidade iluminado tanto pelas luzes indiretas quanto pela luz da lua quase cheia, enquanto ele me dava uma aula de cultura e de história. Entramos em seu carro (eu até estranhei, achei lindo, tanto tempo sem entrar em um, rs) e rodamos por toda parte, para os lugares que só os romanos conhecem, para ver a cidade iluminada do alto junto do monumento de Giuseppe Garibaldi, era eu à meia noite em Roma, sem engarrafamentos nem turistas, com um guia só para mim!

E depois? Depois ele me deixou no hotel e fez questão de me acompanhar até o elevador. E só. O Massimo é casado (senão seria considerado relíquia, poderia até colocar em um museu para apreciação) e mesmo se não fosse, não daria jogo, não bateu.

Tanto que ele se colocou à disposição para os próximos dias que passarei aqui mas eu não aceitei, lógico, tem ofertas que são feitas por gente educada para que gente educada não aceite. Mal posso esperar para recebe-lo com a sua família no Brasil para retribuir a gentileza.

Nos dias seguintes voltei para a minha realidade, para a minha galera e para o meu ônibus. Fomos ao Museu do Vaticano, a Basílica São Pedro, o Coliseu, as piazzas e as fontanas todas. Roma, mais de dois mil anos de idade. Arcos e tetos que deram origem à arquitetura mais imponente que já vi. O dedo de Deus de Michelangelo na Capela Cistina ilustra perfeitamente a capacidade quase divina do homem em fazer a arte.

E no meio dos programas tem as fugidas, lógico. Destaco um momento com minha mãe e a Celia, uma amiga do grupo. Estávamos jantando em um restaurante no meio da Via Borgognona e passou um homem tocando um acordeom bem sem graça. Eu fiz uma oferta irrecusável e aluguei seu acordeon por cinco euros.

Entreguei-o para minha mãe que adorou a surpresa e conseguiu, com seu estilo, charme e entusiasmo dar vida ao instrumento. O dono da sanfona arregalou os olhos, as pessoas que passavam na rua pararam para olhar, as pessoas das outras mesas sorriram, os garçons e os clientes que estavam dentro do restaurante saíram para ver quem estava tocando.

E ela, que quase não gosta de platéia, nos presenteou com Fascinação, Que será será, que são conhecidas por todos, Asa Branca, em homenagem a nossa origem e Mais perto quero estar, um hino lindo para agradecer à Deus pela oportunidade.

E depois o devolveu, foi só uma palhinha. Durou poucos minutos mas o suficiente para ficar registrado para sempre. Mostrou sutilmente, através da linguagem universal da música, a sensibilidade e o bom gosto de uma mulher brasileira.

E assim aconteceu a minha primeira passagem por aqui. Entre caminhos programados e surpresas, como uma boa viagem tem que ser, dei início a minha história de amor com esta cidade. Na Fontana de Trevi tinha direito a fazer três pedidos. Então eu caprichei, pedi que eu possa voltar, que eu possa voltar e que eu possa voltar.




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