12 maio 2013

Je parle francé!!!!



Eu nunca soube ao certo porque quis aprender a falar francês, mas eu quero muito. E depois de dezoito meses de curso cheguei na França, pela cidade de Bordeaux. Cheguei com minha mãe em um sábado, tomamos banho correndo e descemos o elevador, enquanto eu treinava mentalmente tudo que iria falar em francês Vamos lá:. - Boa noite, pode nos sugerir um bom restaurante? Mas peraí, como é sugerir mesmo? Não sei. Indicar? Também não. O macete de falar uma língua é encontrar palavras substitutas, só que eu tinha esquecido de todas as que combinavam com sugerir. Nada que o google translate não resolva.
Voilá, suggérer, d'accord. - Bonsoir, pouvez-vous me suggérer un très bon restaurant? Saiu lindo, juro! Milhares de euzinhas bateram palmas dentro de mim. A minha mãe olhou admirada, o recepcionista também, não sei ao certo se pelo mon petit francé ou pelo tanto que estávamos arrumadas, nada menos do que o necessário para a nossa primeira noite na França, um sábado, véspera do dia das mães e vários outros ótimos motivos.
- Mais déjà 10 heures, c'est trop tard! - Disse que estava tarde - eu entendi mas as euzinhas já não bateram tantas palmas assim pois não gostaram muito da resposta. E ele percebeu, tanto que pegou o telefone, ligou para um restaurante, ligou para um taxi e me pediu para esperar por quinze minutos. J’aime les garçons français!
No taxi eu falei em francês com o recepcionista do restaurante também. Tratava-se de um bistrot charmosíssimo, o La Tupina, achei um charme os ingredientes estavam por todos os lados, os garçons pegavam azeites e condimentos nas cristaleiras espalhadas, cestas de legumes entravam na cozinha sem cerimônia e se transformavam em pratos lindos.
Sentamos e tentei me concentrar, o segredo é ensaiar mentalmente a próxima frase. Pedi a carta de carta vinhos  e numa pose danada pedi a sugestão de um bordeaux. Suggérer, usei a palavrinha danada de novo. Que stupide! O garçon disse que todos os vinhos são bordeaux, com pequenas variações, eu estava em Bordeaux! Já me perdi, e quando ele nos mostrou o menu para fazer o pedido ficou pior, a essa altura a minha mãe disse que não entendia nada e estava com fome, não deu tempo de ensaiar a frase seguinte, um sufoco. Daí prontamente o garçon bonitão começou a falar em inglês. A gente sabe que está falando uma porcaria de francês quando uma pessoa nos responde em inglês ou espanhol.
Respondi em inglês, murcha, e quase disse para as valerinhas todas desistirem do francês para sempre. Lamentei, disse para ele que eu estava me esforçando tanto para falar em francês, que não estava dando certo. Acho que até escapuliu um biquinho de dengo. Ele, que parece entender tudo de vinhos, de comida e de mulheres reverteu na hora a situação.
- Parfaite ment mademoseille, bienvenue au La Tupina. Que voulez vous demandé comme entrée? 
Vibrei bastante e resolvi pedir o mesmo da mesa do lado que parecia muito bom para resolver logo a fome de mamãe e simplificar a vida.
E eu, que há algum tempo evito carne vermelha, comi o melhor beuf da minha vida. Com batatas em lascas assadas com pimenta do reino, um pão divino de casca muito grossa e vinho – bordeaux – para nunca esquecer.
O garçon sorriu satisfeito quando viu os nossos pratos vazios, nos ofereceu sobremesa, pediu o nosso taxi e quase me aplaudiu quando eu pedi a conta direitinho.

Um outro abriu a porta do taxi para que nós entrássemos e ao sair por aquela ruela feita para charretes entre aqueles prédios antigos e românticos desejei ficar ali para sempre, já que je parle francé.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

A INCRÍVEL falível espera ansiosamente por um comentário seu: