19 maio 2013

London light


Cheguei em Londres abusada. Muito cansada da maratona de Paris, do ônibus e desse pique de excursão, que esta seja a última para sempre, amém. Fiz um city tour rápido com o grupo, vi a troca de guarda da rainha e depois fiz questão de me perder. Passei a tarde na Harrods vendo futilidades com a mamãe. O que mais me encantou foram os vestidos e os chocolates. O chocolate eu comprei uma barrinha com avelãs e frutas secas por dezoito libras, já para os vestidos lindíssimos de oito mil libras em diante eu disse que foi um prazer conhece-los e me despedi.
Londres é bem elegante, mas me parece um pouco sisuda. A quantidade de turistas é bem menor, as pessoas são educadas, mas frias, eu perdoo tudo porque adoro o sotaque. Ficava repetindo a gravação no elevador, Fourthh floooor..., amo.
Chegamos ainda cedo, eu ainda teria tempo de correr. A minha mãe ficou impressionada pois ela estava muito cansada. - Por isso mesmo! – respondi. A corrida me descansa, é só vencer o desânimo inicial e colocar o tênis. Perguntei à recepcionista do hotel onde tinha um lugar bom e ela me deu a direção, era só atravessar uma rua e uma praça. Em dois minutos eu estava nas margens do rio Tâmisa, em uma pista enorme num lugar bem agradável com píer, bares, restaurantes, barcos e pontes. Quando comecei a andar mais rápido, sentia frio e quase tudo doía. Comecei a correr e nos cinco primeiros minutos eu só queria parar. Depois fui ficando mais leve e animada com a minha velha conhecida trilha, começando por Let’s get it started, do Black Eyed Peas. Após dez minutos já não sentia frio, os músculos começavam a responder e as pernas começaram a comandar o corpo, e eu já não fazia esforço nenhum. Ai como eu adoro correr, mais do que eu sei, e é meu corpo que sempre me mostra isso.
E no meu trajeto cruzava com outros corredores, ciclistas, pessoas passeando com seus cães, acho que a única turista era eu. E eu não me sentia uma. Enquanto passava via o movimento das pessoas chegando em casa com compras de supermercado, chamando as crianças, me lembrei da minha casa, me sentia muito confortável ali. Ao chegar no hotel e tomar um banho estava pronta para o que ocorrer.
Nas duas noites que passei lá fui para dois pubs na mesma rua só para começar a me ambientar. Ficava perto do hotel em Chelsea, fui de ônibus e voltei de taxi. Na segunda noite levei a minha mãe, tinha um cara tocando Beatles, Roling Stones, foi muito bom. Tomamos cervejas deliciosas e comemos entradinhas tradicionais como bacalhau fresco empanado, cebolas à milanesa, bruschetas e cogumelos à poivre.

No dia seguinte voltamos para o ônibus e colocaram “Nothing Hill” para assistirmos, eu me deixei viajar pela terceira vez nesse filminho água com açúcar, que se passa onde eu tinha acabado de passar. Esta fugida do programa foi fundamental para que eu continuasse bem, eu precisava colocar um pouquinho de personalidade no percurso. Voltei a gostar da viagem porque depois de tantos dias correndo para me adaptar a ela, dei um jeito de, correndo, fazer com que ela se adaptasse a mim.


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