29 novembro 2011

Você compraria este livro?



Eu sou uma especialista em divórcio. Não tenho orgulho de dizer isso mas nem um pingo de vergonha também. Tanto admiro casais seguem a vida de mãos dadas quanto admiro os que têm a coragem de sair de um estado infeliz para buscar uma nova chance.

Sou separada, filha de pais separados e cujo único irmão é separado. Além disso, sou a caçula de dezenove primos dos quais dez já chutaram os baldes dos seus casórios. Outro dia eu soube que uma das primas até procurou um centro espírita para saber se se tratava de um "karma familiar".

Hum hum, eu não acredito. Isso nada mais é que reflexo dos novos tempos. As pessoas estão se importando menos com as convenções, conveniências e consequências dos divórcios e pagando o preço necessário para seguir a voz do danado do coração. Preço muitas vezes caríssimo, eu que o diga, a especialista.

Atenção, longe de mim ao menos tentar dizer o que é certo ou errado, até porque eu não tenho a menor idéia do que seja. Eu só quero contar umas historinhas divertidas. Conheço casais felicíssimos e solteiros idem. Conheço sobre as dores e as delícias de estar casada e também de estar solteira. E como boa observadora que sou (sabia que isso um dia iria valer alguma coisa!), conheço um pouco sobre o universo das mulheres que nunca provaram deste enigma do amor chamado casamento.

E pensando nelas, em mim, na mulherada da minha família e em tantas outras bem e mal casadas, ou bem e mal separadas, que resolvi apresentar para vocês algumas garotas espetaculares Incríveis e falíveis.

Você vai conhecer a Nádia que põe o seu casamento em primeiríssimo plano. Está sempre atenta para movimentar a relação com viagens e jantarzinhos especiais. Considera o seu marido Sergio e seus filhos o seu maior triunfo, a foto da família sai sempre linda. Ela administra todas as dificuldades, dribla o tédio e se mantém bem longe das tentações porque acha que deitar no ombro cheiroso do seu amado em um domingo a noite faz tudo valer a pena. 

Tem também a Bianca, que não se casou porque perdeu o timing. Uma garota bonita que achava que os candidatos não eram suficientemente bons, que sempre poderia aparecer um melhor. E agora que está no final da ladeira dos trinta, o número de possibilidades minguou. Nesse momento ela tenta se convencer que se não tiver um filho "tudo bem" e fez uma lista do que ela poderá fazer com toda a sua liberdade. Achou por enquanto três opções; virar monja e escrever um livro, viajar pelo mundo e escrever um livro ou se assumir tia da centena de crianças que nasceram ao seu redor nos últimos tempos e ficar feliz da vida ao devolvê-los para as mães nos momentos de birra. Ah, e escrever um livro sobre o poder do silêncio, feng shui, sexo tântrico ou algo do gênero.

A Alais se separou e despirocou de vez. No melhor dos sentidos. Mudou o cabelo, as roupas, pintou a casa com cada parede de uma cor e começou a falar palavrões naturalmente. Primeiro tentou namorar uns três caras separados com filhos e conciliar as coisas no padrão "os meus, os seus, os nossos". Agora nem isso ela quer. Ela só quer o romance. Está saindo escondido dos filhos com o seu personal trainner ao som de "Ne me quitte pas" em noites de muitas performances e um tanto de vodka.

Já a Cíntia se separou também mas não há um dia em que ela não se arrependa disso. Acha a missão de cuidar dos filhos sozinha pesadíssima. Assim que saiu de cena o Marcio casou-se com outra e é para os filhos dela que ele dedica o seu tempo. E a dor de cotovelo de Cíntia cresce na mesma proporção do seu saldo devedor no cartão de crédito. Ela vive insegura, tem medo de sair a noite sozinha e acha que namorar só vale a pena se aparecer alguém que a proteja, como o Marcio, ai ai ai. Só que até agora nada, nenhumzinho príncipe salvador da pátria bateu em sua porta. E o resultado disso está em três quilos a mais por ano. 

A Marina prefere continuar casada e viver umas aventuras por aí. Acha que esta é a fórmula de um casamento feliz. Agora ela encasquetou que quer ter uma história com uma mulher, só que ainda não conseguiu seduzir nenhuma. De noite em sua cama, enquanto o bonachão do Aroldo dorme (e ronca) ela assiste filmes a la "Henry e June" e histórias efervecentes passam pela sua cabeça, só que quando o dia chega e com ele todo o aborrecimento do cotidiano a sua fantasia vira... fantasia.

A Adriana, no entanto...


E por aí vai. Fique a vontade para  divertir-se, identificar-se ou para conhecer um pouco mais sobre o louco mundo das mulheres no século XXI, os seus relacionamentos complexos, as suas experiências fascinantes e perceções incríveis sobre uma vida que pode até ser dura, conflitante e exigente. Mas comum e sem graça,  isso nunca. Palavra de mulher.


23 novembro 2011

Thanks and giving


Hoje é Thanksgiving, o meu dia favorito nos States. Dia de estar com a família, de comer bastante e de agradecer. Como a minha fala no jantar é pequena, vou fazer o meu agradecimento na íntegra aqui, faz de conta que estamos em uma grande mesa.


Eu te agradeço Senhor, porque eu:

Vejo ondas estourarem na praia, uma borboleta pousando na flor, todos os tipos de plantas, bichos, gente, formas e todas as cores.

Ouço as vozes de quem amo, a música que me acalma e a outra que me anima.

Falo e escrevo o que o coração manda.

Sinto um abraço, um fogo que me aquece do frio, a água morna do mar da minha terra, cheiro de jasmim no pé, de café, de pão no forno, gosto de chocolate e de suco de maracujá.

Ando, corro, caio e levanto, vou e volto por onde quiser quantas vezes for preciso me procurando e me encontrando.

Sonho algo possível.

Faço o sonho acontecer.

Tenho filhos, mãe, irmãos, tios, primos, sobrinhos, amigos e leitores Incríveis.

Sou amada.

Aceito que sou muito falível, inclusive em todos esse quesitos listados aqui.

Aprendo com as dores.

Perdôo aos outros e a mim.

Quero crescer a cada dia.

Penso em como deixar as coisas um pouquinho melhores.

Sei que a vida vale a pena.

Acredito que o bem vencerá.

E porque eu amo. E o amor é o melhor que tenho a oferecer.


Dar, receber e agradecer. Todos os dias sem parar. Quanto mais eu ofereço mais recebo e tenho a agradecer. Quanto mais tenho o que agradecer, mais preciso retribuir à vida, oferecendo aos que estão a minha volta. Num ciclo de energia e felicidade abundante. Nesse dia tão especial aqui, eu desejo um Thanksgiving contínuo de todos os dias para você! Tim tim!




20 novembro 2011

Esse seu olhar quando encontra o meu...


Vocês reconhecem a mulher desta foto? Sim, a Didi da qual mencionei há quatro posts atrás, a minha mãe. Esta foi a última fotografia que tirei antes dela fugir há uma semana com um playboy, cometendo o gravíssimo delito de abandono de lar de filha estressada e netos carentes.

Agora quero pedir a atenção de vocês para fazer uma breve análise desta foto, tirada na noite anterior ao desaparecimento quando os dois se preparavam para sair para dançar:

Clique na foto para ampliá-la
Gostaria que vocês me acompanhassem para reparar primeiro na indumentária do casal. Ele de blazer, muito elegante como qualquer playboy que se preze e com a chave na mão, é claro. Alguém aí já viu playboy a pé? Ela de salto, vestida em uma blusa que não dá para ver mas que tem uma borboleta batendo asas bordada na frente. Paetê, lógico, como pede a ocasião.
Olhem para a forma com que o braço dele não só entrelaça a sua cintura mas a sustenta, já que ela quase desequilibrou de emoção.
Tudo por causa de uma troca de olhares que gerou sorrisos que por sua vez fez os corações bateram bem forte. E isso deu no que considero o maior barato da foto:
O PEZINHO!!!!!!!!

Olhe só esse pezinho para trás.

Pezinho é tudo de bom. Agora a pergunta que não quer calar, quero porque quero saber: - Há quanto tempo você não levanta o pezinho de emoção?

Viiiii.... Peguei pesado não foi? Mas calma, calma, não fique triste e por favor não vá embora, já basta a minha mãe ter me abandonado, não vá debandar também! Deixa eu terminar. Estou aqui só para dizer que nada está perdido e a prova disso é a minha serelepe mãe que continua levantando o pezinho já estando pra lá dos sessenta.

Esse casal de pombinhos é um belo exemplo de que nunca é tarde para amar. E dando uma pequena pausa na brincadeira, o meu coração está em festa com isso, feliz da vida em ter a minha volta uma família Incrível e poder contar com grandes histórias como esta em tempos de vida parada e sem muita inspiração.

São os coadjuvantes IFs. Aliás, é bom dizer que a publicação da foto e das piadinhas foram todas devidamente autorizadas pelos dois, como não poderia deixar de ser quando trata-se de gente livre e que vive sem ter vergonha de ser feliz.

Ainda bem porque eles estão com um ibope danado e eu tenho mais é que explorar, o primeiro post sobre eles bombou e já é um dos mais lidos e comentados do bloguito. Virou até tema de discussão em uma classe de um pessoal dessa melhor idade, eu soube. Mal posso esperar para contar para ela. Isso, lógico, quando a queridinha lembrar que tem uma filha e um monte de netos e resolver dar o ar de sua graça.

E que graça, hein? ;)

18 novembro 2011

A boa? É ter amigos assim!



É, quem tem amigos tem tudo.

Estava eu aqui atordoada no meio de rotinas, dilemas, cansaços, inseguranças e todas as preocupações do mundo dos falíveis, quando chega da Bahia a minha Incrível amiga Help, aquela que me inspirou para esse post.

O nome dela não poderia ser outro. A queridíssima sentiu a situação literalmente "no arrear das malas" e desde então não faz outra coisa a não ser me ajudar. Como? Me ouvindo, tentando entender, opinando com um amor imenso, procurando ajudar na casa e nas minhas tarefas, até massagem no meu pé ela quis fazer (e a situação tava tão braba que não deixei, eu que adoro uma massagem). Estava num estágio entre estar matando cachorro a grito e começar a jogar pedras por aí, e a fofa fazendo tudo para tentar me fazer relaxar.

Ontem ela tirou o dia para passar e-mails e fazer ligações comigo até que eu resolvesse todas as minhas pendências. Serviço de secretária executiva do top de Obama. A minha disposição, é mole? Quantos amigos você tem assim? Pois é, da licença aí, tô mesmo me achando porque eu tenho uma super Help.

E a medida que as coisas foram sendo resolvidas, dezenas de assuntos foram chegando e as novidades todas deliciosamente atualizadas. E eis que estávamos falando estarrecidas sobre um episódio esdrúxulo qualquer quando ela me soltou uma que achei sensacional:

H-  Olha fofa, só falando que nem o outro...
IF- Que outro fofa?
H-  Um amigo meu que é até gago, e que toda vez que eu o vejo eu pergunto:
 -  Qual é a boa Fulano? E ele diz:

- A-A-A   b-b-boa  H-Help, é-é  v-v-ver  e-e  n-não  l-li-ligar.

KKKKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!! Mas eu ri tanto, tive uma crise e nada me fazia parar, acho que era nervoso acumulado, eu ri absurdamente do jeito que ela falou, ri tanto que tive soluços. E sabe que eu fiquei  boa? O stress foi pro espaço e acordei hoje nova!

Eu fiquei fã de cara do Fulano e já adotei a sua filosofia.  Virou mais um mantra IF. Toda hora que vejo que algo quer me chatear de novo eu o mentalizo. Outro dia eu li: Quantos dos problemas que você tem hoje serão lembrados daqui a cinco anos? É por aí, precisa nem de cinco, a maioria das questões que tentam nos consumir diariamente serão evaporadas bem antes do que imaginamos. Então pra que deixar levar a nossa saúde e a nossa alegria?

E queridinhos, vocês sabem que tudo que funciona pra mim eu indico aqui. Então estou recomendando; deixem rolar as crises de risos quando elas vierem porque faz um bem danado, cultive as amizades sinceras que te jogam pra cima, permita-se receber ajuda e se algo ameaçar te aborrecer pense dez vezes antes se vale a pena, porque na maior parte delas a boa mesmo é ver e não ligar!



Obrigada por existir fofaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!

15 novembro 2011

Reset



Já determinei no meu estatuto IF que não devo escrever quando estou triste. Porque posso baixar o astral quem vem aqui me ver feliz. Mas depois pensei que talvez tenha gente triste do lado de lá também. Ou melhor, talvez tenha gente feliz que vai ficar mais feliz ainda e grato pela boa fase que está passando.

Hoje não foi nada fácil. Uma notícia muito triste do Brasil, mil conflitos internos, enxaqueca e para completar a minha dócil cadela maltês resolveu morder um menino na porta da escola. Fiquei com medo de acabar o dia na cadeia pelas caras das mães ao redor. O que me salvou foi a inocência, Anika estava presa na coleira e foi o menino que avançou para brincar com ela.

E o texto da aula de hoje saiu uma porcaria, lógico. Não respondi a pergunta que a professora queria e tudo deu a entender que estava água com açúcar demais. Me deu vontade de sair correndo de lá, destruir tudo e nunca mais escrever.

Faniquito de principiante, olha eu já aqui. Resolvi reconsiderar a decisão para dividir o pensamento da vinda no carro. Assim, se eu acho que a história está ruim, posso simplesmente começar a escrever outra. Mudo os personagens, o conflito e o lugar onde ela se passa. É só abrir um novo documento no word.

Mas e na vida? Onde estão os botões do delete, do reset, o ctrl C, o ctrl V e aquela setinha UP que nos permite inserir algumas coisas que deixamos de colocar lá atrás? Como podemos voltar atrás no que dissemos? Como fazemos para dizer o que queríamos para quem já não está mais aqui?  Como podemos voltar pro começo e sermos melhores? Dá para mudar os personagens a nossa volta? Que botão se aperta para pegar de volta uma oportunidade perdida?

Diga aí, dá para escrever uma nova história?

Em alguns casos sim, e a saga da IF na California é uma prova disso. Temos a possibilidade de mudar, de tentar de novo com outro alguém, de fazer algo diferente ou de viver em um outro lugar.


Em outras, não. Estamos a mercê do Grande Autor e do curso da escola da vida.
Só nos cabe ter a sabedoria necessária para lidar com as situações e tirar algum aprendizado delas.

É só, eu acho. É isso que me explica. Desculpa aí os leitores que vieram rir um pouco e curtir um final feliz, esse blog foi mesmo bolado para descontrair. Porém, se é que posso considerar assim, tenho uma notícia boa; vou fazer as pazes com o livrinho. Porque  definitivamente inventar histórias é bem mais fácil do que vivê-las. E se for por bem colocar açúcar no que está azedo ou amargo demais, que assim seja. É para isso que existem os escritores Incrivelmente falíveis.

09 novembro 2011

Mas que moqueca é essa?



Hoje saí para andar com duas novas amigas. As duas americanas nascidas, criadas e nunca saídas daqui. Enquanto eu estava falando tudo bem, as meninas ficavam atentas e interagiam, desconsiderando delicadamente todas as minhas escorregadas no inglês.

O problema era quando elas falavam. Deviam achar que eu entendo tudo porque dispararam as palavras na velocidade máxima. A pior parte era quando uma falava algo engraçado, alguma expressão ou gíria que provocava boas risadas na outra e sorrisos amarelos de todos os tons em mim.

O meu love já conhece, ele vai falando e depois conta uma piada, aí eu sinto que é uma piada então eu rio, aí ele vê que eu ri um riso amarelo e pergunta - Did you get it love? e eu digo - Of course not! e aí a gente ri de verdade.

Nessas horas eu morro de saudade da minha terra. De usar todas as expressões que eu quiser, as velhas e as novas, as cafonas e as da vez, as vulgares e as chiques. E não há lugar mais fértil para expressões que a Bahia.

Tem uma agora que estão usando que adoro: Que moqueca é essa? Para quando algo nos provoca espanto. Ela já vem acoplada na minha cabeça com o sotaque baiano.

Como não tenho com quem, as vezes eu falo sozinha ou para a cadela. Outro dia eu a peguei no flagra esparramando a sua comida pela cozinha e não perdi a deixa; Mas que moqueca é essa Anika? Ela me olhou, me deu um zig now e vazou!

A parada é a seguinte; toda hora me dá vontade de estar sentada num boteco qualquer, numa feira, ou numa fila de acarajé, só na espinha mole, ouvindo o meu povo falar. De boa, sabe? E bater na mesma frequência, tá ligado? E rir na mesma hora que todo mundo ri. E fazer piada que todo mundo entende, né pai? E pensar a vida me jogando no ritmo e na cadência da Bahia.

Quando digo por aqui que escrevo algumas pessoas pedem o link do meu blog. Enrolo, jogo aquele 171, dou uma de João sem braço e não dou. Não sou menina! Imagine a loirinha de hoje, a Melissa, chegar toda meiga para olhar e poder trocar uma idéia, jogar tudo no tradutor e dar de testa com um:- But what is it stew?

Aonde? Daqui até que eu explique... Primeiro porque aparece stew, que quer dizer ensopado. E ensopado não é moqueca meu brother, nem aqui nem na China. O pai ó (essa é a melhor de todas, não é a tôa que virou filme), colé China mermão!

Deixa eu aqui na minha com a galera que me entende. Né não é?  Pois jacaré que vacila vira bolsa de madame. E eu não vacilo, eu chego junto. Junto de quem fala a minha língua que é tão rica, forte e expressiva. É nela que me encontro e só com ela dou sorrisos de todas as cores. É falando português que sou muito mais feliz, essa é a moqueca.

06 novembro 2011

Para os que seguem abraçados



Lembro-me que na fase do namoro poderíamos dormir abraçados apertadinhos em um sofá qualquer ou na minha cama de solteiro na casa dos meus pais. Quando nos casamos compramos uma cama de casal, depois uma queen e quando fizemos dez anos de casados mudamos para uma king size. É interessante pensar que a medida que a nossa cama foi crescendo nós fomos ficando cada vez mais distantes.

Acabo de escrever este parágrafo no livrinho IF. Trata-se de um capítulo em que o personagem fala sobre a separação, num pensamento bem comum para muitos de nós.

Mas a minha admiração Incrível de hoje vai para os que não entraram nesse percentual falível, para os grandes sobreviventes, os sortudos, na minha opinião os heróis na arte de amar.

Deixo aqui estampada a minha inveja bem branca desses casais. São poucos na verdade os que conheço, mas sei bem quais são e quando estou perto deles tenho que tomar cuidado para não deixar que eles percebam a minha cara babona em décimo grau.

Conheço duas mulheres na faixa dos quarenta anos que se casaram com o primeiro e me dizem que nunca querem conhecer outro homem na vida.

Tem uma que com trinta anos de casada, o marido foi transferido para uma cidade perto e assim teria que ir na segunda e voltar na sexta toda semana. Eu no caso dela, soltaria foguete (tsc, tsc) com a possibilidade de esquentar as coisas com a saudade. Eles? Choravam toda noite. Resultado; o maridão passou a dirigir três horas para ir e três para voltar todos os dias até que os dois pudessem se mudar.

Conheço casais que já são avós que se olham com brilho e só saeem de mãos dadas.
Conheço marido que não começa a comer antes que a mulher chegue.
Casais que se chamam de amor e só falam coisas boas um do outro diante dos outros.
Casais que se cuidam na hora da doença porque têm muito medo de se perder.
Casais que se abraçam no cinema, no avião, na rua e na igreja.
Casais que esperam que o mau humor passe, que a tpm passe, qua a vontade de se separar passe.
Casais que conversam o problema de cada dia antes de ir para cama.
Casais que se entendem, que se respeitam, que se admiram, que conversam no restaurante.
Casais que têm assunto.
Casais vencedores de provas duras como tédio, ciúme, competição, dificuldades financeiras, chegada dos filhos, ronco e compartilhamento de banheiro.
Casais que se perdoam.
Casais que dão suporte um ao outro; sobre seus projetos, sonhos e anseios pessoais.
Casais formados por duas pessoas distintas que cresceram, mudaram, se realizaram e mesmo assim continuaram juntas.


Para eles tiro o meu chapéu e abaixo a cabeça, como uma súdita qualquer quando vê os reis passarem.

Eles são as provas que podem existir personagens que amam de verdade. Que sorte eu tive de conhecer alguns, só assim vou poder começar a escrever sobre esperança. Já chega de histórias de camas grandes com abismos no meio.

03 novembro 2011

A minha mãe está saindo com um playboy!


Esta vida é mesmo muito interessante. Ontem recebi uma ligação de minha mãe que me deixou rindo e pensando.

Para quem não sabe a Didi é uma mulher solteira, bonita, charmosa, inteligente e independente. Toca piano, dança bem, cozinha e fala inglês. Com todos esses atributos não é difícil arranjar namorado, certo?

Depende. No Brasil sim, pois ela é uma garota de sessenta e poucos anos e como escrevi aqui se o mercado lá está difícil pra mim, imagine pra ela. Mas aqui nos States? NO!

Aqui o negócio é diferente. Didi não só arranjou um namorado, como ousadamente me ultrapassou e já está no segundo. Na ligação de ontem, pude notar que em nada diferenciava-se da minha filha ao falar do menino da sala que ela gosta que a chamou para entrar em sua equipe. Ou de mim, ou de você, ou de qualquer um de nós quando estamos enamorados.

A voz era outra, daqui deu para perceber que havia coraçõezinhos ao seu redor e olhos brilhando. É impressionante como tudo muda quando um cupido nos acerta, não importa se você tem oito ou oitenta e oito anos.

O mais engraçado é que o Tony, o namorado da primeira temporada, assim que viu que a fila andou, ligou para minha tia para se queixar. Com toda a dor de cotovelo que lhe é de direito,  disse que estava muito preocupado porque "aquele" cara é um playboy.

HAHAHAHAHAHH!!!!!!!!!! Eu achei o máximo! O que seria um playboy de 70 anos?

- Alguém que não trabalha e recebe dinheiro mesmo assim. Afinal nesta idade a maioria deles já se aposentou.
- Alguém que TEM tempo para comprar roupas, fazer exercícios e se arrumar. Por tanto sempre está elegante e cheiroso.
Alguém que TEM tempo para conversar, para encontrar os amigos, para ouvir música, para ir ao cinema, para sair para dançar e para namorar.
- Alguém que NÃO TEM tempo a perder. Então passeia, viaja e aproveita a vida deixando de lado as picuinhas.
- Alguém que usa o dinheiro que ganhou para viver de forma confortável seja com um carro, com a possibilidade de jantar fora quando quiser ou fazer aquela aula de golf ou violão que sempre teve vontade.
- Alguém que pode usufruir da paz de uma casa que só vira "ninho vazio" se quiser.
- Alguém que provavelmente não quer casar, só curtir. Curtir a namorada, curtir a vida. Um curtidor profissional.
- Alguém que "se acha". "Se acha" atraente, "se acha" útil, "se acha" vivo!

Então, meu amigo Tony que me perdoe (eu até gosto muito dele), mas eu tenho que comemorar porque...

A MINHA MÃE ESTÁ SAINDO COM UM PLAYBOY!!!!!! YEAH!!!!!!!

No domingo ela vai trazê-lo aqui. Já estou preparando um tapete vermelho para conhecer o meu novo candidato a step father. A mãe disse que ele é alto, bonitão, lembra o Richard Gere. Aiai, eu não disse?  Até aí tudo bem. Agora se ele vier de jaqueta de couro, cabelo pra cima e óculos escuros, aí eu vou ter que gritar:

- Esse é o cara! Jogue duro mamãe, você merece um amor playboy!