27 abril 2014

A grande escalada


Baseada em pouca teoria e em muita prática, nas minhas experiências e nas das minhas amigas, acredito que o fracasso nos relacionamentos, seja de quem tem está casado (a) e infeliz ou solteiro (a) idem, deve-se basicamente a três aspectos: Primeiro, à falta de afinidades. Isso eu também ouvi de um coach, o Eduardo Nunes, outro dia, na Marília Gabriela. Segundo ele, as mulheres são irracionais nas suas escolhas, enquanto os homens, que estão numa posição privilegiadíssima devido a estúpida oferta no mercado, avalia bastante a mulher ANTES de se apaixonar. O cara é machista pra caramba e beira o insuportável, mas quando ele falou isso, me pegou. Eu me apaixono primeiro e penso depois, mesmo sendo uma sobrevivente à quedas de picos do top do Everest, rolada com as pedras gelo abaixo. Segundo o Eduardo, o que mantém o relacionamento, quer dizer, o que alimenta o amor que sustenta a relação quando a paixão acaba, são os valores, os programas e os planos em comum. Que é muito difícil continuar a comer pirão no mesmo prato todo dia com alguém que pensa e age muito diferente de você.

A segunda que eu pensei a partir dessa, é a estúpida mania que temos de querer que o outro mude pra se adequar a nós. Você se apaixona por um cretino, um inconsequente ou um mané, mas tem certeza que vai colocar ele no jeito com muuuuuito amor. Dá pra ver porque a queda vem de lá do Everest?

E a terceira é querer, com a presença do outro, preencher o que nos faz falta. Querer que alguém nos sustente ou nos dê equilíbrio, ou que nos traga paz, ou que nos traga aquelas emoções e aventuras que nunca vivemos. Enquanto ainda se está junto é uma maravilha, parece que tudo se completou, são corações saindo pela janela do quarto sem parar. Depois vem a conta, quando tudo termina com o fim da paixão, fica aquele buraco imenso. Muito maior do que existia antes de começar, porque aquela pessoa te deu uma prova de tudo o que você não é, não desenvolveu ou não construiu. Tem um clichê por aí que diz que precisamos estar inteiras primeiro pra nos relacionar depois e é a verdade. Precisamos SER o que queremos do outro.

Exemplo bonitinho que eu tenho pra dar é o de um término com uma pessoa que trouxe arte e música pra minha vida. A arte que eu não pude ter porque escolhi parir, casar e parir, e parir de novo, enfim. Ele tocava muito bem e eu realmente gostava daquilo. Quando não deu certo e ele partiu, eu não aguentava olhar pro violão do meu filho. Eu tentei escondê-lo, mas um violão não é lá uma coisa muito fácil de esconder. O rapazinho o achava e queria treinar todo dia. Tentei convencê-lo que tocar guitarra é muito mais cool, que piano é ainda melhor pra conquistar as garotas, que poderíamos leiloar o violão no próximo bazar beneficente. Imagine, ele não me dava nem uma palavra, só me olhava com aquela cara de "a minha mãe é mesmo maluca". Depois de muito penar, um dia eu o encarei; o violão. Ele me chamou, eu o peguei, o coloquei no colo, o envolvi nos braços, mas não sabia aonde colocar as mãos. Liguei pro professor do meu filho e pedi pra ele vir. Ele veio no dia seguinte,  na outra semana também, e na outra. Eu já aprendi a tocar as notas e o "Parabéns pra você". Quando o meu filho se mudou, levou o violão dele e eu comprei outro pra mim. Esse mora no meu quarto, do meu lado, ninguém mais me tira. Foi assim fiz as pazes com todos os violões do mundo e com as minhas mágoas, parabéns pra mim.

Rai, ai. Vivendo e crescendo. É óbvio que todas as regras acima tem exceções, afinal trata-se de uma teoria incrivelmente falível. Já vi mulheres calculistas profissionais na hora de escolher um homem, homens se apaixonarem à primeira vista e gente que já se transformou realmente com o amor. Conheço casais que sim se completam e que me provam ainda ter paixão, mesmo depois de anos e filhos e de pirão no mesmo prato, ao olharem com ternura, interesse e admiração um pro outro. São poucos esses que chegam ao topo, os campeões. Mas eles existem, e estão aí pra nos inspirar.

Feliz de quem aprende a ser inteiro (a) e a buscar realizar os próprios sonhos pra poder amar e conviver e de quem aprende a mesma coisa pra ser só e assim também estar bem. Acredito que esse é um dos principais desafios da jornada do viver. Arriscar-se a subir em picos escorregadios é até possível, mas só com uma boa rede de proteção embaixo, sustentada com firmeza pelo amor próprio, pra poder confiar no retorno ao chão, e ter chance de achar até graça da experiência. Melhor ainda se essa cena, ao invés de ter uma trilha romântica de filme água com açúcar, tiver um fundo musical dissonante e desafinado, mas que seja o seu, com a música que você aprendeu a tocar até agora.





3 comentários:

  1. U.A.U.!!!!!!!!!!!! UUUUUUUUAAAAAUUUUUUUUUUUU... =O

    O amor é a arte mais bela que existe e infelizmente muito pouco seguida. Amar por simplesmente amar, é a vontade de muitos porém não muito praticada. O amor tem os gestos mais singelos e simples para serem seguidos,divididos, doados... É seguir ou compartilhar os mesmos sonhos. É perceber no olhar um sorriso, ao encontrar tudo e todos que amamos. É sentir a força dele, em simplesmente segurar as mãos. É caminhar, rir, chorar, agir, sorrir sempre ou quase sempre na mesma direção, com a mesma sintonia e intensidade. É um constante aprender com altos e baixos, é a segurança de um eterno porto seguro. É a responsabilidade e respeito do "precisamos SER o que queremos do outro". É a nossa fonte inspiradora do equilíbrio, da emoção e do viver bem.
    O amor, seja ele em que direção esteja, é o melhor caminho para ser seguido...

    Esse blog é fonte de inspiração, de amor com sabedoria!!!

    Tive que escrever por aqui tbm!!

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    1. Você não tem idéia de como me faz feliz ler um comentário bacana assim, que conversa e soma ao texto, que faz tudo ter sentido, que paga o meu salário de investidora em sonhos, kkkk.... Obrigada Carol!!! Beijos querida!!!!

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  2. Acredito que todo relacionamento é arte do "reencontro" avançamos e aprendemos com eles, a escolha é complexa, depende da sintonia do momento, e pode durar mais do que "deveria" devido ao apego. Mas, alguns são compromissos inexoráveis = filhos, continuar uma sintonia inicial que gera paixão, é a arte da escolha diária é querer, que deveria ser compartilhada pela felicidade e pelo aprendizado gerado pelo crescimento espiritual, sem ele o relacionamento não vale a pena. Afinidades vem de muito longe. Estou colocando a leitura em dia, mais um belo texto. Parabéns! Silvio

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