20 abril 2014

Parada a 1000/h


Aqui estou a escrever o quarto texto da semana. Parece muito, mas não é quase nada se eu disser que assisti dois filmes, uma série li três livros neste mesmo período. Se eu contar que contactei com algumas pessoas com quem eu não falava há meses e se eu somar a isso as orações que fiz.

Uma façanha obtida por livre e espontânea necessidade médica. Me submeti, acho que é assim que se diz, à uma cirurgia de mama que não me permite fazer nem 15% dos movimentos que gostaria. Hoje eu sei como se sentia o Tiranossauro rex. Só tomo bastante cuidado em manter a boca bem fechada pra não ficar enorme como ele, já que não estou apta a praticar os exercícios dos quais estou acostumada. O que fazer então com aquela energia que era liberada todos os dias? Nem jogar pedras eu posso, o meu braço não estica!

Então eu leio, escrevo e respiro. Quase uma monja, só que com um detalhe, a minha mente não pára. Nesse tempo já comprei três trechos de passagens, sabe Deus se vou dar conta de ir. E enquanto não vou, já viajei pelo sertão de 1930 com o Vidas Secas do Graciliano Ramos, me diverti horrores com o O diabo que te carregue! da Stella Florence, pegando uma carona na história da separação dela para repensar as minhas. Dei uma volta pelo oriente, com O Xamã no Tibet, conhecendo como o Milarepa chegou à iluminação. Quanto mais eu lia, mais eu via o quanto estou longe da minha. Conheci também um pouquinho mais sobre o Ernest Hemingway e a Martha Gellrorn no filme que tinha tudo para ser melhor, intitulado Hemingway e Martha, com aquela linda da Nicole Kidman. Sinceramente, se eu tivesse aquela cintura, eu não falava com ninguém. E ela ainda é a mais suave atriz que eu conheço, mesmo fazendo a correspondente de guerra Martha, a segunda mulher do Hemingway. Quanto a este, vou poder dizer um bocadinho mais quando o meu exemplar de O sol também se levanta chegar pelo correio. Ah sim, fiz compras nesse período também! Comprei quase todos os livros os quais me lembrei que um dia gostaria de ler, e isso me deixou até mais calminha. Que mais? Assisti a boa história As palavras, desses filmes que a gente não pode contar nadinha porque senão estraga tudo. Ele trata sobre a arte e a dor de escrever. Ainda nesse tema, dois dias antes de cair na faca, assisti a peça A Gaivota do Tchekhov, duas horas e meia de aula sobre texto e sobre teatro, numa montagem bem encenada pelos Argonautas.

Ho! Pra relaxar, desencavei a série completa do Sex and the city, pra cair por terra a imagem que vocês começaram a fazer de que estou me intelectualizando. Haha! Logo eu. Eu não tenho vocação pra Martha, nem pro Milarepa, muito menos pro Tchekhov, eu estou muito mais pra Carrie!!! Eu quero viagens, roupinha nova e um amor idem, isso sim.

E nessa esculhambação de pensamentos pra alimentar a minha criatividade, digamos assim, eu me recupero. Enquanto os meus pontos cicatrizam, novas idéias se partem. Eu mal posso sair do quarto, mas a minha imaginação voa, conhece e planeja. Foi de longe a semana santa mais fértil que já tive na vida, o que não quer dizer que eu não a trocaria facinho por um quarto de hotel na areia da praia a fazer absolutamente nada (e tudo) com alguém que eu adorasse. Olha, deixa eu parar porque hoje eu estou demais, deve ser a carência desse estado de convalescência.

Me recolho então à condição de T-rex que não pode devorar nada nem ninguém e volto pras minhas viagens apenas imaginárias e acumulo energia pra viver e valorizar o potencial e a capacidade que tem uma pessoa quando pode esticar os seus braços!




Um comentário:

  1. Hahahahahahaha muito boa!!! Voce e demais, Val! Escritora abencoadissima! Fantastica! Desculpe-me por estar tao atrasada em minhas leituras aqui nesse blog maravilhoso! Com certaza voce ja virou aquele dinossauro que voa, ne?

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