Para Daisy
Imagine a situação:
Entro na loja de departamentos para comprar lençois e pergunto onde posso comprar sheets. A moça diz:
- Siga em frente e vire a primeira porta a esquerda.
Vou e dou de cara com o vaso sanitário. Porque sheet pronuncia-se da mesmíssima forma que shit, que quer dizer nada mais nada menos que merda.
Essa não aconteceu comigo, mas cheguei perto. Cansei de perguntar aos garçons:
- Where's the toilet? Falando como no Brasil para ser fina. Só que toilet aqui é o vaso em si, então imagina se dá pra ser chic, seja no salto que for, perguntando:
- Ei garçom, onde é a privada???
Esse negócio de querer adaptar é um problema, é o que chamamos em bom baianês de embromation. Conheço gente também que fala em português b e m - d e v a g a r achando que assim vai ser entendido. É muito engraçado.
Isso é a mais pura cara de pau, eu não chego a esse ponto mas confesso que ela é necessária para a sobrevivência em terras alheias. Eu sempre me jogo.
Logo que cheguei fui para o barzinho mais bacana da área. E pedi na pose IF:
- Can I have the menu, please? Toda educada, sabendo que as palavras mágicas são fundamentais para abrir as portas por aqui.
A bartender, toda tatuada e espremida em um corpete respondeu:
- What??
E quanto mais eu falava menu baixinho e explicado mais ela perguntava what alto. Até que eu apontei para um e ela disse:
- Ahh, MENIIIUUU... Fazendo bico, se achando "a francesa". Só porque eu não falei usando o som do "i" no meio?
Outro dia pelo mesmo motivo a Debbie não aguentou e riu pra valer. Isso porque ela é uma professora, e estas fazem o possível para não intimidar os seus aprendizes. Eu disse pra ela:
- I'm going to put everything in a public storage. Só que falei public sem o tal do "i " no meio que fica parecendo pubic, que quer dizer púbico.
Já pensou, colocar as coisas num depósito púbico? Rs.
É, não basta saber o vocabulário e as colocações verbais, tem também a pronúncia.
Porque aprender um novo idioma não é mesmo fácil. E quanto mais tarde pior. As minhas filhas já me deixam no chulé tanto em fluência como em pronúncia. O mais velho então, que já chegou sabendo, nem se fala.
Mas a passos de tartaruga IF estou caminhando. Já sei perguntar pelo restroom ao ir ao banheiro e consertar rapidinhos as (oh shit!) besteiras que às vezes me põem em maus lençóis.