03 fevereiro 2014

Todos Incríveis e falíveis, melhor assim


Foi Sigmund Freud quem, quase um século atrás, nos disse pela primeira vez que a normalidade não existe. "Toda pessoa só é normal na média. Seu ego aproxima-se do psicótico em uma ou outra parte, em maior ou menor extensão." Encontrei isso no início do livro Síndromes Silenciosas, de John Ratey e Catherine Johnson, que mostra como reconhecer as disfunções psicológicas ocultas que existem em nós. Uau! São mais de 410 variações de diagnósticos de síndromes psiquiátricas e sim, você aí também possui traços de algumas delas.

Adorei saber um pouco do fundamento científico do que bem disse o Caetano, “de perto ninguém é normal”. Constatar, que não é possível para o nosso cérebro funcionar bem em todas as suas partes. Para que um talento num campo se desenvolva, o resultado é que irão haver déficits outro. Nós pagamos então pelo nosso talento com perdas relativas em outra parte.

Isso quer dizer que para eu ter me desenvolvido um pouco melhor na área de linguagem eu não poderia mesmo aprender muito matemática, física, ou química? Ei, alguém aí poderia ter me dito isso antes? Passei a vida procurando estratégias para lidar com o meu déficit de atenção e sem entender porque eu tinha tanta dificuldade nestas matérias. Me comparava com pessoas que têm capacidades e disfunções cerebrais diferentes!

É necessário reconhecer as diferenças e entender como elas podem ser produtivas. Um trabalho quando é feito em uma equipe diversa e interdisciplinar é muito mais rico, vamos tirar proveito disso! Precisamos parar de sofrer com a discordância das pessoas e acreditar no nosso talento, no nosso diferencial. Na maioria das vezes não nos revelamos com medo de que não sejamos aceitos e não realizamos com medo de errar. É necessário vencer estes adversários dentro de nós.

Entender as limitações humanas nos possibilita desprender das cobranças por uma perfeição que não existe. É uma libertação quando compreendemos que todos temos dificuldades, lidamos com elas, as desenvolvemos na medida do possível e potencializamos os nossos dons. Só quando me assumi falível na tarefa de escrever pude mostrar para as pessoas, me exercitar e aprender a cada dia. Vi que os textos mais criativos são imperfeitos. Esse aqui mesmo, está certinho demais. Não é a toa que ele não entrou no livro, ficou chato, o bichinho. A perfeição é tediosa! As imperfeições são reflexo da nossa condição humana, elas comovem, atraem e criam identificação. "É com a nossa imperfeição que vivemos os os melhores momentos da nossa vida. É com ela que aprendemos coisas incríveis, conhecemos pessoas que se tornam essenciais, que evoluímos, crescemos e nos tornamos seres cada vez mais únicos! A imperfeição é a nossa melhor perfeição", muito bem completou a minha amiga e leitora Incrível, Carol Levy.

Por isso eu escrevo assim mesmo, falível pra caramba. Isso é o que eu posso entregar agora. E você? O que tem para entregar, assim, como você é? Pois o entregue. Releve a sua porção falível e invista no que você tem de Incrível. Você vai se surpreender com o que a sua imperfeição é capaz.

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