Lembranças para 2030

Nesta noite de sábado curti meus filhos. Conversei, dancei com eles, coloquei no colo, beijei muito e tirei dezenas de fotos. 

Agora quando estava vindo para a cama vi a caçula de camisola azul da pequena sereia, com um grampo no cabelo pra tirar a franja do olho. Ela me sorriu um sorriso banguela de boa noite que me atingiu como um golpe no peito.

Sinto isso sempre, é uma espécie de nostalgia antecipada, uma saudade profunda que já sinto que vou sentir depois. Coisinhas corriqueiras no amor imenso de uma mãe.

Ontem durante o café da manhã ela disse:

- Mãe, eu acho que você ama mais a gente aqui do que lá.

- Por que filha?

- Porque aqui você faz mais coisas pra gente...

Tive que largar a faca de pão para dar um abraço, deixei pra lá a correria e a segurei por um minuto. Queria congelar aquele momento no freezer para tirar daqui há vinte anos.

Isso justifica o emprego na área de vassouras. Tudo o que eu quero é viver ao máximo a infância deles enquanto eles são meus e me acham a pessoa mais linda, mais sabida e mais importante do mundo. 

Colecionar bons momentos; É a única coisa que posso fazer para tentar aliviar pelo menos um pouquinho a saudade futura.