19 julho 2015

40NOW


Aproveitei o primeiro domingo pós férias pra ficar em casa e dar uma olhada em várias pendências, entre elas, um livro que ganhei no natal, o Guia de estilo 40FOREVER, da Ana Cecília Lacerda, Bebel Niemeyer e Maria Montenegro.  Acho que demorei tanto por causa do "guia de estilo" no título, afinal quem tem estilo mesmo, não precisa de guia. Ou talvez, quem sabe, lá no fundo, pela outra parte, a que trata-se de um livro para as mulheres de 40 que querem ter 40 pra sempre. Não, nem venham dizer o contrário; que seja fácil mudar de década. É gratificante, é importante, é emocionante, é tudoante, menos fácil. Eu acabei de virar. Quer dizer, já tem uns três meses, digo, quatro, mas a ficha, assim como o metabolismo, vai ficando cada vez mais lenta.
O livro começa dando umas dicas de cremes, de maquiagem que até mereceram umas sublinhadas. Até que chegou nas roupas, onde uma das autoras disse que minissaia nem pensar para as mulheres de 40. Eita! Eu já vinha sentindo, me desfazendo aos poucos das bichinhas, deixando passar batido nas araras e olhando com mais atenção para o comprimento de tudo o que vestia, mas ver ali no quesito 27 do manual das quarentonas, foi duro. Sim, sofrem muito mais as vaidosas que procuraram a vida inteira alternativas mirabolantes e sacrificantes de modalidades de malhação das pernocas.
Há quem diga com propriedade um bom dane-se e vista o que dá na telha. Tudo bem, afinal cada vez eu percebo mais que as pessoas reparam menos na gente. A questão é, até quando vai a liberdade de fazer o que se quer, usar minissaia, e onde entra a não aceitação de um novo tempo, um novo corpo, e uma nova postura?
O não enfrentamento do processo de envelhecimento me parece bem mais aterrorizante do que o julgamento e a ridicularização dos outros. Foram 40 anos de minissaia por aí, será que não está bom? Olhar mais para o corte e a elegância do que para a forma que roupa nos dá, mostrando aqui ou apertando ali, acho que é uma boa troca.
Assim como trocar a euforia pela perseverança, a instabilidade pelo equilíbrio, a busca pelo auto preenchimento, a superstição pela fé, a força pela estratégia, a paixão pelo amor, e a resistência pela aceitação, entre tantas outras.
Trocas, mudanças de fases, evolução. Largando aqui pra ganhar ali. Até ficar velhinha e ficar "invisível", o que também não é de tudo ruim, tenho uma sábia tia que diz ser uma total libertação! Dos olhares, das cobranças, poder enfim largar pelo caminho o peso, o tempo e o preço que nos custa a vaidade. Já pensou nisso?
Pois bem, acho que vou seguir a leitura das senhoras colegas. Mesmo ainda discordando do título. Da mesma forma que não dá pra usar minissaia, também não dá pra ter quarenta pra sempre. Que venha a próxima década, com suas perdas e ganhos. Aliás, pode vir, mas sem pressa, ok? ;)




Com eira e beira - FLIP 2015


Faz tempo que não via algo tão interessante como a Flip, a Feira Literária Internacional de Parati. São palestras e debates com gente muito boa, intercalados pelo turismo charmoso que a cidade oferece. Além da programação oficial, de onde é possível assistir, de forma confortável e gratuita, às entrevistas, já que eles disponibilizam telões e cadeiras  do lado de fora.  Além das opções nas ruas da cidade, como os stands da Folha, do Sesc, e a Casa de Cultura.
Pra não fugir do meu jeito, é lógico que marquei umas bobeiras por não ter pesquisado melhor, como reservar um hotel afastado da cidade e não me inscrever online nas palestras e workshops maravilhosos que aconteceram. Corri pra procurar por qualquer pousada no centro histórico, pois um dos baratos de Parati é esquecer o carro, e foi difícil, mas consegui. Também chegamos na hora de início das apresentações e as perdemos porque não pegamos as senhas. Afinal, estávamos com crianças e não dava pra conciliar tudo. Tudo bem, se acabei de decidir que esse evento entrou no meu calendário como favorito, outras Flips virão!
Pegamos uma desculpa com as crianças e subimos em uma charrete para um passeio, puxada por um velho cavalo com o interessante nome de Kinder Ovo. Tratava-se, segundo o guia, de um animal, cheio de surpresas. Não entendi também até ele empacar diante de uns cabos elétricos que cruzavam a rua, cobertos por uma proteção, que parecia um quebra-molas. Sabe-se lá o que o Kinder pensou ser aquilo,  já que Parati, com aqueles paralelepípedos enormes, não precisa de quebra-molas. O simpático guia fez o que pôde, mas o animal não quis conversa, deu a volta e foi por outra rua. Em uma dessas ruas, o guia nos mostrou os telhados com eiras e beiras nas casas, um acabamento que demonstrava o poder aquisitivo dos residentes. O que deu origem à expressão: "sem eira nem beira", sobre os não tão bons partidos para se casar. 
Assim passei meus quatro dias, passeando pra ouvir gente inteligente e pensar coisas novas. Observando, curtindo e percebendo Parati, com um final de palestra aqui, o meio de outra ali, um grupo cantando na esquina, uma peça de teatro mais adiante,  um almoço na praia, um vinho no friozinho à noite, e em ótima companhia, comendo uma tapioca em um dos cafés da cidade. Definitivamente, Parati nos faz sentir afortunados. Com eira, beira, e sobra.













Notaram o vestido? ;)