Há um tempo atrás precisei comprar um presente bacana para uma criança que estava fazendo aniversário. Sempre levo as minhas filhas que são expert em saber do quê que criança gosta para ajudar a escolher. Escolhemos um karaoquê bem legal, todo rosa. A minha caçula, a que tem oito anos e quer ser uma cantora, ficou louca;
Começou a chorar e a tremer e quando a Syl, a minha amiga que estava aqui na época, perguntou a razão do choro ela disse:
"É invejaaaaaaaaa......." Assim, na maior. E danou-se a chorar mais. Sylvinha achou o máximo; a espontaneidade dela e a sua facilidade em expressar um sentimento que nós adultos procuramos esconder.
Ela nem chegou a me pedir o troço, sabia que eu não iria dar. Nós, graças a Deus, temos uma situação financeira que me permitiria comprar brinquedos fora de hora, mas eu não o faço. Posso morrer de vontade de ver aquele sorriso bem grandão mas me seguro, tudo para que ela possa fazer o exercício do desejo.
Quantas noites em minha infância fui dormir sonhando com a boneca "bate palminha"? Abraçava o travesseiro para fazer de conta que era ela e deixava reservado o melhor lugar da minha estante. E eu, que não tive nem de longe a condição que minhas filhas têm, muitas vezes tinha que esperar muito, não vinha no dia das crianças nem no natal seguinte. Mas um dia ela chegou! E aí, a alegria foi tão forte que consigo me lembrar da sensação até hoje para escrever isso aqui para vocês.
E é por isso que eu sou feliz e grata por cada pequena coisa. Morro de medo de que meus filhos virem espécies de "sacos sem fundos" em que nenhum tipo de conquista ou de alegria possa enchê-los e fazê-los felizes.
E o final da história deu-se hoje com a vinda do Papai Noel (é, ela ainda acredita ou finge que acredita para receber dois presentes) que trouxe o tal do karaoquê fashion para ela, que já está ensaiando umas quatro novas performances.
E já aconteceu deles não receberem o que pediram, com um cartão do bom velhinho pedindo desculpas e deixando um brinquedo substituto. Coisa de mãe incrivelmente falível que não dá conta de encomendar o bebê que parece com a criança que vem de sei lá de onde sei lá de que jeito. FINE! Eles precisam aprender a lidar com a frustração também! Ela é prima do "não" que é tão saudável e necessário para as crianças.
O meu menino mais velho ouviu vários "nãos" até que esse ano eu resolvi dar o rato que ele tanto queria. Rati-ficando; um hamster russo de temperamento sociável já nomeado Juvenal. "Juvas", para os íntimos. Como é que eu vou dar conta de mais um ser vivo? E como eu vou levá-lo para o Brasil? Não, please, não me venham com perguntas difíceis agora. Eu apelei pro Juvenal pra ver se eu tiro o rapazinho um pouco do video game, no ano que vem eu vejo o resto.
E hoje eu estava pensando porque eu gosto tanto dos meus natais aqui. Acho que é primeiro porque a família ora antes de comer, uma oração bem bonita. Depois porque ninguém está trabalhando enquanto a gente se diverte, ninguém tem empregada, nós fazemos as comidas e limpamos juntos. E por último, porque meus filhos não ganham tantos presentes.
Isso, porque é bem mais simples! Eu já os vi em muitos natais abrindo pacotes sem nem olhar direito e se preparando para abrir outros. Aqui não, tem uma lembrancinha aqui e outra ali, bem curtida e agradecida. Ah, e o presente do Papai Noel lógico, mesmo ele sendo IF, rs. Ele sempre consegue um sorriso grande e de verdade, seja com uma máquina de cantar, uma boneca substituta ou um ratinho russo-americano chamado Juvenal.
Perfeito isso!!!! Sempre achei esse exercício fundamental!
ResponderExcluirMas, e quando o marido não pensa assim?
E quando ele acha que é o máximo encher as crianças de brinquedos que ele nunca teve, só porque agora ele pode comprar?
E quando ele fica mostrando as coisas na loja e perguntando: "Olha que legal! Quer isso?" A criança nem queria... Mas já que está oferecendo...
E quando ele compra um brinquedo para cada um TODA vez que vão fazer mercado juntos?
Eu e Virna vivemos isso diariamente. Vejo que as crianças não tem nem tempo de desejar alguma coisa. Bastou esboçar a mínima vontade e voilà! Desejo atendido! (Se é que era um desejo mesmo...) É uma pena. Tornam-se verdadeiros "sacos sem fundos", como você bem disse.
Uma vez, tentando fazer minha filha voltar a dormir no quarto dela (outro péssimo vício criado pelo pai - de colocar as crianças na nossa cama) eu disse: "Cada dia que você dormir na sua cama, a fadinha traz uma estrelinha. Ao final de 10 você terá o brinquedo tal, que você tanto quer." Eu sei, suborno, também não sei se é certo, mas com o meu mais velho (de outro casamento) funcionou, para parar de chupar dedo... Resultado, no segundo dia ela desistiu e apareceu na minha cama. "Ué, não vai querer o brinquedo?" e a resposta: "Pra que me esforçar tanto? Meu pai me dá isso a qualquer hora... É só pedir"
Ah, e adorei a "frustração" ser prima do "não"!! Tento fazer com que esse primos andem por aqui. Eu juro que tento!
Beijos, minha linda!
Nossa amiga, como voce e incrivel e abencoada por Deus!!! Engracado e que eu estava justamente pensando na mesma coisa hoje, a respeito das criancas que, com tantos presentes para abrir, acabam se envolvendo mais pela quantidade do que pelo significado de cada presente. Voce esta de parabens!! Como mae, amiga, filha, enfim, voce e uma pessoa pra la de incrivel!!!
ResponderExcluirMuito bem, mamãe IF. Às vezes, no ímpeto de demonstrar o imenso amor que sentimos, perdemos a medida com os pequenos.
ResponderExcluirPor aqui o meu Natal foi um pouco diferente, sem filho, mas com muito amor no coração e presentes na medida certa.
bjs e um bom final de ano.
Valéria,
ResponderExcluirAdorei a sua recomendação! Os desejos, todos eles, precisam mesmo ser exercitados cotidianamente.Você me fez lembrar uma queridíssima irmã, Lydia, que costuma presentear os sobrinhos "ricos" com brinquedos comprados em feiras livres, fabricados de forma artesanal, mas muito engraçados.
É impressionante perceber como as crianças recebem os presentes dela. A impressão que tenho é que, todos os anos, são os presentes mais aguardados e mais festejados. Penso que o intuito da minha mana tem sido exercitar nos sobrinhos um desejo especial: a simplicidade.
Há braços,
Lourdinha
Dani, agenda aí uma loooonga conversa sobre esse assunto e traga o maridão, eu sei exatamente do que você está falando e tenho muita idéia para trocar sobre esse assunto.
ResponderExcluirTha, obrigada! Você já é até suspeita, gosta tanto da minha porçãozinha Incrível que até esquece a grandona falível, rs.
Paty, eu sei que você trabalha e entende de criança, seja sempre bem vinda para acrescentar aqui.
E Lourdinha, você voltou, que prazer! Adorei a idéia da Lydia, quero copiar. Sei que vou agradar porque as minhas meninas brincam até com brinquedos de sucata, essa que mencionei no texto adora construir seus próprios brinquedos e engenhocas.
Amo a simplicidade, para mim ela é mágica, carrega os mais valiosos momentos.
Obrigada e beijos para todas!
Nossa Val, que texto maravilhoso! Esse domingo de Natal eu e minha irmã estávamos justamente comentando sobre esse assunto, nossas opiniões bem parecidas com a sua! Dizer SIM é muito fácil, dar limites, educar, dizer bons nãos, aí é complicado, mas necessário...
ResponderExcluirSeu jeito doce, sonhador, otimista é raridade hoje em dia. Suas opiniões a respeito do que quer que seja são SUAS opiniões e NINGUÉM tem o direito de criticar. O blog é seu e quem não gostar do que lê, bem, vá procurar outro. Críticas pra mim, só se forem reservadas. Tô meio que cansada de gente CHATA...
Querida, que 2012 seja um ano abençoado pra vc e família, vc merece!
beijos
Jackie de Roberto Lôpo
Em um dia muito triste para mim (Eh muito duro ver quem amamos sofrer) ler seu comentario me fez tao bem Jackie, muito obrigada!
ResponderExcluirE minha gente, me deem um tempinho que quando a alegria voltar eu volto. Bj