26 agosto 2011

Cruzes e porquês


Saem Vitória e suas filhas Susie e Nanda para comprar mochilas para escola em um shopping. Param em uma praça de alimentação, cada uma escolhe um prato em um restaurante diferente; “V” vai de sanduíche light, “S” de comida chinesa e “N” de spaguetti.


Depois dos primeiros dez minutos de refeição, Susie diz:

- Puxa... Se eu pudesse voltar o tempo teria escolhido outra coisa, esse macarrão está com muita cebola!

A IF mãe V, que há uma semana não sentava pra comer com calma ou conversar com as crianças, decide aproveitar esse gancho pra puxar um assunto diferente com as duas, enquanto separa a cebola num canto do prato:

- E se fosse possível? Se vocês realmente pudessem voltar o tempo e passar uma hora no passado, o que fariam?

N, que há alguns minutos tinha jogado alguns pennies em uma máquina que segundo ela era uma fonte de desejos demonstra animação com o seu pensamento.

S – Eu voltaria no tempo pra ter uma conversa com meu pai e o mandaria pro médico.

N concorda: É mãe, ele não ia querer ir, mas eu iria falar; - Você tem que ir, você tem que ir...

A mãe suspira. E diz:

- Olha, cada pessoa pensa de um jeito sobre essa questão. Quando vocês crescerem vão ter os seus próprios pensamentos. Eu penso que nós já chegamos na terra com o dia marcado de voltar para o céu, com um tempo pré determinado para viver aqui. Daí não importa onde e de que jeito, no dia certo nós voltamos.

S – Mas mãe, porque Deus escolheu a gente pra passar por isso? A pequena Nanda só tinha dois anos...

Essa é a pergunta que mais foi feita de lá pra cá. Pude ver mais uma vez que as tentativas de resposta anteriores não funcionaram. De repente me lembrei de uma história que Lais, que é a minha guru na área de RH, me contou:

- Era uma vez um homem chamado João. Ele começou a achar que a sua cruz estava muito grande e pesada. Pediu uma audiência com Deus e foi fazer uma reclamação. Chegou perto Dele e disse:
- Senhor, me permita fazer um pedido; eu gostaria de trocar a minha cruz, esta daqui está muito difícil de carregar.
- Deus pacientemente respondeu:
- Pois não meu filho, o departamento de cruzes fica no final do corredor a direita, fique a vontade, você pode trocar por qualquer uma que encontrar por lá.
João seguiu animado. Ao chegar deparou-se com mais de um milhão de cruzes, todas diferentes. Daí olhou para uma que tinha escrito “José” e estava coberta de espinhos. Tentou a de Antônio, mas era feita de gelo, gelava e escorregava, não dava pra segurar. A de Maria estava pelando, a de Paulo era de chumbo e por aí vai. João tentou todas as cruzes até que voltou para Deus e disse:
- Obrigado Senhor, mas resolvi ficar com a minha mesmo, entendi. E assim saiu satisfeito.

Daí, lógico, ela imediatamente perguntou:

N - Mas porque temos que ter uma cruz?

V - Eu acho que é porque a vida é uma escola. E a cruz nos ajuda a aprender, a ficar fortes e a crescer. Cada um desses que você está vendo aqui tem uma. Um não tem o pai, outro não tem a mãe, uns não têm saúde, outros não têm paz.

S - Mãe, como você acha que é a minha cruz?

V - Ah, eu acho que é rosa e cheia de brilho, brinquei.

N - E a minha, mãe?

V - Eu acho que a sua acende quando aperta igual a agenda que você comprou.

N - E a de papai?

V - Ah, a dele é cheia de botões eletrônicos, tudo de última geração, rs.

Elas riam e iam perguntando sobre as cruzes de todos.

V – E quer saber? De tudo que vivi na minha cruz, o mais difícil foi perder o meu pai e ver vocês perderem o de vocês. Então, a boa notícia é que a pior parte nós já atravessamos, agora os problemas que vierem a gente tira de letra.

N - Assim, se a gente for roubada, é problema difícil?

V- É nada, esse é mole. Tudo a gente resolve, conserta, reconstrói.  Estamos juntos e somos uma família. Se Deus passou essa missão pra gente, é porque nós podemos conseguir.

Nesse momento Susie abre o seu biscoito chinês, tira um papelzinho de dentro e o lê:

SUCCESS AND HAPPINESS ARE IN YOUR DESTINY.” – Um presentinho da equipe lá de cima para fechar o assunto.

Eu não sei de nada e não tenho a menor idéia sobre coisa alguma, se o que eu falo tem o menor cabimento. Somente os sorrisos e abraços no final das conversas me dizem que estou no caminho certo. Um caminho de percalços e barreiras que compõem as nossas cruzes diversas, mas também de muitas flores, belas paisagens, grandes encontros e ótimas surpresas quando cultivamos O AMOR.

4 comentários:

  1. Ah, minha linda amiga! Voce nao tem apenas um grande coracao! Voce eh toda coracao!!! Por isso que eu te admiro tanto!! Concordo plenamente com tudo o que vc escreveu aqui! Tem cabimento e muito! E agora deixa eu secar as lagrimas...e sentir-me feliz porque voce existe!!

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  2. Love you but you forgot me...
    Buáaaaaaaaaaa.
    Amiga linda, xuxu.

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  3. Mil vezes YES querida!!!
    Grande e rica conversa com suas filhas, cheia de sabedoria que vc foi colhendo ao longo do tempo!!
    Bjs orgulhosos!!
    AVANTE!!
    Meg

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  4. Lindo Val,sabio e lindo,emocionei com essa conversa com as meninas,lindo...

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