Quando pequena eu era bem magrinha. Meio desengonçada, era aquela
que ficava lá atrás na aula de ballet. Era desastrada, saía batendo nas coisas,
esbarrando nas pessoas, não tinha muita noção do espaço que ocupava. Sentia as
pernas fracas e vivia me esparramando nos lugares. Entrei na adolescência
doente de preguiça. Tinha uma dificuldade imensa de acordar, a minha postura
era péssima e nunca fui boa em esporte nenhum. Parecia que eu não era bem
encarnada, que o meu espírito não era bem encaixado no corpo. Isso me trouxe pelo menos uma dúzia de prejuízos,
o pior de todos foi a insegurança. Passei um tempão me achando incapaz e sem
jeito.
Eu até tinha uma boa coordenação motora e ritmo para dançar, mas
sentia que faltava um eixo de sustentação. E isso eu construí com a atividade
física. Adoro esta palavra, construí. É a nossa capacidade de
mudar de estado, que só depende de vontade.
Da adolescência até agora foi um longo caminho. Passei pela
natação, musculação, pilates, corrida, dança, yoga e aulas de luta. Atualmente
faço um pouco disso tudo.
Parece muita vaidade ou falta do que fazer, mas não é. Para mim
malhação é questão de sobrevivência. Primeiro pela endorfina, eu posso tudo
quando saio da academia. Virou um vício do bem. Tenho muito mais energia, a
minha postura é outra. O tônus muscular faz com que eu sinta a presença do meu
corpo e tenha mais controle dos movimentos, saiba literalmente onde estou
pisando.
Além de que eu sou mãe solteira de três filhos. O que tem a ver?
Quem vocês acham que carrega as malas e as caixas? Quem põe a filha já crescida
na cama? Quem troca o galão de água? Quem coloca as bicicletas no carro? A mamãe
aqui. Qual é a outra opção que tenho? Olhar pro lado e jogar um lencinho?
Sinto que esta força física estimula a minha força interna e
vice-versa. O meu corpo mudou, com isso a minha auto estima e a minha
segurança, sucessivamente. Não é pela estética, isso é consequência.
Mas como eu me sinto e como eu me vejo. Estou cada dia mais poderosa, pau
a pau com a She-ra, o Esqueleto que se cuide!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A INCRÍVEL falível espera ansiosamente por um comentário seu: