22 agosto 2012

Mexa-se!


Quando estava morando nos EUA e conversava com outros brasileiros residentes lá, me incomodava muito uma opinião comum de que eles não se acostumariam em voltar para o Brasil por causa da violência, da falta de educação, da desigualdade, da corrupção e de tudo que a gente está cansado e esgotado de saber.

Ficava muito chateada porque nem sequer por um dia eu me desvencilhei daqui, eu gostava e admirava aquele modelo de sociedade mas sabia que eu não pertencia àquele lugar. Que eu sou brasileira e que os problemas do Brasil são MEUS problemas.

Certa vez ouvi de um pastor muito inteligente, o Edvar Gimenes da Igreja Batista da Graça, uma consideração muito forte que nunca esqueci. Ele disse: "Nós somos o retrato de um povo e o povo é um reflexo de nós". Uma postura consciente de incluir-nos como co-responsáveis pelo caos a nossa volta.

E sobre ele reclamamos muito, renvindicamos pouco e fazemos quase nada para melhorar a situação. Por isso sou uma fã da iniciativa privada. Da iniciativa pessoal, pessoa física mesmo, então nem se fala. Olho para os fundadores e mantenedores de creches, asilos e hospitais como quem olha para uns heróis, uns gurus, umas autoridades máximas no quesito amor ao próximo.

Nessa semana acontece duas campanhas de grande porte que são exemplo de mobilização e compromisso de empresas sérias e engajadas com a comunidade. A campanha "Criança Esperança" da Rede Globo - http://redeglobo.globo.com/criancaesperanca - que beneficia inúmeras instituições do nosso país através de doações feitas através de ligações telefônicas e o "McDiaFeliz" - http://www.institutoronald.org.br/index.php/mc-dia-feliz - onde a receita da venda de todos os BIGMACs (o principal sanduíche)  da rede de lanchonetes McDonalds é destinada ao combate do câncer infanto-juvenil das comunidades locais.

E você acredita que tem muita gente que pode mas não liga? Que não compra o sanduíche, que não lembra, que vive ignorando que tem um monte de gente se esforçando para melhorar alguma coisa?

E por falar em esforço, energia e trabalho volto a lembrar da queridíssima Socorro Lopes, uma amiga cada vez mais gigante em meu coração e nos de quem a conhece. A danada entrou nessa luta do "McDia" onde a meta deste ano é trocar o ônibus (também doado pelo Mc Donalds em uma campanha de 2007) que transporta as crianças com câncer do GACC Salvador (sede do Grupo de apoio à Criança com Câncer) para os hospitais. Imaginem que o ônibus custa R$ 210.000,00 e a mulher guerreira já conseguiu R$ 40.000,00 até agora, sozinha, vendendo os tickets antecipados. Aliás, sozinha nada (antes que ela me bata), com o apoio de sua imensa rede de relacionamentos, que não para de crescer.

Pois "sonho que se sonha só é só sonho e sonho que se sonha junto é realidade".

E o dia nem chegou. É nesse próximo sábado! E você?? ALÔÔÔ!!!! Tem um coração aí??? É tão simples ajudar! O telefone taí, liga! Tem um McDonalds pertinho de sua casa! Então corre lá, compra pra família, pro porteiro, pro vizinho, pro cachorro. Faça a sua parte para que essa campanha seja um sucesso e inspire outras empresas. Para que esse ônibus puxe a fila de um comboio! Para que mais crianças sejam tratadas e educadas pois só assim construiremos um mundo melhor para os nossos descendentes.

Deixo aqui o meu pequeno apelo nesse blog que é uma das ferramentas que disponho. E quais são as suas? O que você tem para dispor? Qual é o seu alcance? Vamos lá, avance! Um passo que seja. Vamos dar as mãos e aumentar o raio de cirunferência da solidariedade.

Ainda dá tempo de ligar para o Criança Esperança. Temos mais quatro dias! 0500 2012 007 para doar R$ 7,00, 0500 2012 020 para doar R$ 20,00 e 0500 2012 040 para doar R$ 40,00.

E Sábado, dia 25/08 é McDiaFeliz!!!!!! R$10,50 por BIGMAC para as nossas crianças carentes com câncer! Em todas as lojas McDonalds do país.

Não basta só doar, tem que se movimentar, se unir, apoiar, torcer, aprender, fazer e multiplicar.

Então pelo bem do futuro, MEXA-SE!!!! Tem muita gente de braços abertos e um futuro bem melhor nos esperando! :)

12 agosto 2012

Pai


Já faz tempo que esta palavra me incomoda. Há mais de quinze anos. Sofri muito quando meu pai morreu, todas as vezes que ouvia alguém chamar alguém de pai sentia um aperto.

A carência de pai é algo comum aqui em casa. E na medida do possível, bem resolvida. E quando não está na medida eu procuro ajuda. Nesta semana estive em um psicanalista novo e ao me queixar (e me gabar também) de como é duro ser pai e mãe e ter que assumir todas as responsabilidades tive uma ótima sacudida. Ah, como eu adoro (e preciso de) terapia!

Ele disse que eu não posso ser pai porque não conseguiria, que a relação da mãe com o filho é tão intrínseca que por mais que ela queira ela não consegue desempenhar o papel de um pai que vive uma relação mais distanciada, é quem que faz a ponte do filho para o mundo.

Perguntou se eu tinha alguém que representasse essa figura. Respondi que SIIIIMMMM!!!!! Porquê Deus nunca me deixou no frio sem cobertor... mais casaco, cachecol, luvas e botas. Eu tenho um irmão que vale por dez, que nos ampara e que segura muito bem comigo a onda dessa galera toda.

Mas nada tira a saudade. Estava agora passando a vista no Facebook e vendo dezenas de fotos das pessoas penduradas nos seus pais. Morri de inveja. Tenho a minha foto do dia de hoje na cabeça. Meu pai sentado, eu e meu irmão atrás da cadeira (eu grudada do pescoço dele), minhas filhas no colo, uma em cada perna (disputando o pescoço), meu filho de um lado e o meu sobrinho do outro.

Por que né? Uns tem que ir pros outros chegarem. Eu não conheci meu avô e minhas filhas não conheceram o delas. E por mais que eu o descreva elas nunca vão saber como ele era de verdade.

Ao pensar nisso lembro-me depoimento que li da filha de um homem muito famoso recentemente homenageado. De como ela estava orgulhosa do legado imenso que ele deixou. E ao ler aquilo eu só me identifiquei na parte em que ela falava da saudade, percebi que eu não queria o legado, que o que eu queria de verdade era mais uma tarde com o meu pai.

Apresentar os meus filhos, dizer como tudo está bem e como ele foi importante em minha vida.

Percebi que o que fica no coração dos filhos não é o tamanho da obra, das grandes realizações. E sim os pequenos gestos. Eu queria ouvir meu pai me chamar de Sinhá, ver ele destampar a panela para me mostrar a comida deliciosa que estava fazendo. Eu queria ver ele chegar com um saco na mão, ele tinha mania de trazer coisas gostosas da rua pra mim. Queria ver o brilho nos olhos dele quando ele me apresentava para alguém, sempre senti que ele me achava a coisa mais linda do mundo!

É, não dá pra ter tudo, não dá mesmo pra colocar os pais com as filhas em uma foto aqui em casa. Mas dá pra guardar no coração uma certeza. A de que fomos muito amadas. Seja com um tempo maior ou menor, os pais que nos trouxeram para este mundo nos queriam. E isso, provado com os mais singelos gestos, nos traz a base que precisamos para seguirmos felizes.

Então, nesse fim de domingo de dia dos pais eu queria dizer pra ele que ele conseguiu. Que ele me fez sentir amada e importante e me ensinou como amar os meus filhos. E que esse é o maior legado que alguém pode deixar nesta vida. Fazer com que bem querer transborde até outras gerações, com que aconteça a perpetuação do amor!