16 setembro 2011

Parâmetros


Em uma noite da semana passada, o meu PIF que estava na casa dele com as filhas de repente me mandou uma mensagem: 

- FALTOU ENERGIA AQUI!  Assim, com letras garrafais.

Eu que na minha estava, na minha fiquei. Estava jantando fora com a thurma, quando ele continuou: 

- Não posso cozinhar!

- Vai pra um restaurante! Respondi. E continuei saboreando o meu taco com salada.

E a agonia dele  foi até a minha sobremesa:

- Estou levando as meninas pra casa da avó. Inacreditável isso, não tem energia na vizinhança inteira, é assustador!

- Tive que rir. Como era mensagem ele não iria ver mesmo... Um estardalhaço porque faltou luz, imagina! Hein gente? Lembra aí! Quantas noites da sua infância você passou no escuro?

Eu me lembro de várias....

Uma terça feira qualquer fazendo qualquer coisa (na pior das hipóteses tomando banho)
Black out! 
A primeira coisa que ouvia-se era a voz da vizinhança, - Ohhhh!!!!
Daí logo chegava um na janela pra ver se foi só por perto ou foi  longe. 
Eu já ficava chateada pensando que iria perder a novela.
Procura-se uma vela, procura, procura... Achei! Um toquinho mas serve.
Pinga o tôco de vela no pires e o coloca no lugar mais alto do quarto.
Até que vem seu irmão vem de lá e a rouba.
Gritos, confusão, a mãe traz de volta e diz que só pode tirar pra ir no banheiro.
Lembro de colocar a revistinha da Mônica bem pertinho e conseguir ler.
E eis que mais cedo ou mais tarde... Tcahnram!!!! Ela volta.
Apagava-se o tôco de vela, guardava-o para a próxima, ligava a TV e tudo voltava ao normal.

Imaginei o Mr. Steve de hoje na roça do meu pai em 1985, na casa de Zé Vermelho e Anália, o casal que trabalhava lá e que criou os quatro filhos sem energia elétrica. Me lembro com uma saudade imensa que todos os dias às seis horas ela passava um café, torrado e moído por ela, e dava pra todo mundo em canequinhas de alumínio. Até eu que não sou muito adepta a bebida tomava, o café de Anália foi o melhor que já provei em toda a minha vida. 



Depois do café ela ascendia o candeeiro da cozinha, o primeiro e o mais importante da casa. Era um ritual silencioso e lento, ai.... como o tempo passava devagar na casa de Anália!...





Essa viagem toda foi feita em alguns segundos e logo voltei para me colocar no lugar do meu queridão que (infelizmente, rs) não teve esse back ground e que parecia estar chateado. Eu, que estava demonstrando ser "a insensível" mandei um- Are you ok love? -pra não ficar chato. Mas continuei sorrindo pensando em como tudo depende dos parâmetros, que várias coisas nesse mundo poderiam me deixar assustada, mas queda de energia? Tsc, tsc. No way!

11 comentários:

  1. Estas lembranças de roça são tão gostosas, né? Eu também tenho lembranças maravilhosas de painho espantando os morcegos da casa da fazenda Pedra Branca! Achava a maior aventura todo aquele furdunço!

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  2. Mto bom seu texto, mas sem energia, numa grande captial? Pode ser outro onze de setembro! r*** Abraço

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  3. Pois é Fofa, me vi em vc, candeeiro, toco de vela e ainda com minha super miopia, 10 graus, eta Barrerinhas... tudo, referência. Bjs

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  4. Seja bem vinda Cecilia! Gostei do seu comentário! É questão de referência mesmo, rs. Bjs!

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  5. Tenho varias lembranças! Lembro de meu pai usando a luz da vela para brincar de figuras na parede com as mãos e nos deixar tranqüilas. Agora fico imaginando como deve ser difícil para ele ler seus posts e efetivamente compreender do que vc esta falando! Mas e isso: diferentes culturas, diferentes vivências. O legal e o aprendizado que isso traz! Bjs. Monica com Antonio no colo.

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  6. Que fofura, você era uma e de repente virou dois. Maravilhas da natureza, coisa de Deus. Daqui a alguns dias você vai fazer figuras com a luz da vela pra ele... isso é se faltar energia, que pelo visto está virando mesmo coisa do passado... Beijos querida e obrigada por vir me ver!

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  7. Valzinha,

    Este texto mexeu muito comigo... êta tonelada de coisas boas me veio à mente. Vc sabe escrever o que o coração gosta de ouvir!!!
    Vc é um talento flor!!!

    Beijos

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  8. Oi Val, e quando dava a hora de tomar banho e a energia não voltava. Mainha esquentava água no fogão de gas, temperava a agua e vamos pra tomar banho de balde com uma canequinha. Eu economizava o máximo do meu balde só pra no fim derramar todo o resto de vez na cabeça... bom demais...rs
    Cau

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  9. Amei a forma que esse texto mexeu com vocês. Lindas lembranças, obrigada por compartilhar! As vezes é duro falar sozinha, me senti conversando agora. Vem mais por aí, beijos!

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  10. Aposto que se voce estivesse la na casa do PIF, as criancas teriam feito uma festa, tomando banho de canequinha a luz de velas, kkkkkk :)
    E viva a escola da vida chamada Brasil!!!

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