30 setembro 2010

Por que a Violeta dos Incríveis?



Já estava passando da hora de explicar porque escolhi a foto da Violeta para me representar no perfil.

Fica bem mais fácil entender se você já viu o filme. Se não viu ainda, é a minha sugestão para este fim de semana. Para assistir com a sua família, pelo menos com um deles, seja da idade que for.


Eu sou fascinada pelos filmes infantis atuais, adoro todos da Pixar, mas este ganhou um lugar especial no meu coração. Conta a história de uma família de super heróis que é obrigada a levar uma vida de pessoas comuns. Entre as aventuras são passadas várias mensagens incríveis, sobre ser um marido, um pai, uma mãe, a idéia de envelhecer, o significado do trabalho, o medo de perder as coisas que mais ama e principalmente, a importância da família.

São eles Sr. Incrível, Sra. Incrível, Flecha, Violeta e o Bebê. Durante o filme, cada um vai descobrindo qual é o seu super poder e percebendo quão incríveis eles são quando estão juntos. 

Exatamente o que precisamos fazer. Lembra das múltiplas inteligências? É isso. Cada um com o seu dom (também podemos chamá-las assim), e todos juntos por um resultado bem maior.

Eu fiquei na dúvida se colocava a foto da mãe ou da filha. Comecei pela Sra. Incrível, óbvio, pelo meu papel na família e porque eu também sou uma mulher elástica. Mas não bateu, acho que porque eu não sou a Sra. de ninguém, ou porque o cabelo dela é chanelzinho, rs.

Aqui no blog estou muito mais para Violeta, que é uma adolescente insegura (como estou com o bloguito), que se sente bem mais confortável escondida atrás do cabelo e da máscara. Ah sim, a máscara tem uma simbologia enorme, fortalece a idéia do personagem que criei para me esconder. E o poder dela nada mais é que... Ah, vai lá ver!

Mas como eu viajo... eu sei.  Mas foi por isso. E coincidência, a minha avó me chamava de violeta na infância, porque eu era moreninha quase violetinha.

Este filme lindo também inspirou o nome do blog e o tema dos heróis falíveis e das pessoas comuns Incríveis. Como cada um de nós.


29 setembro 2010

Desespero básico de uma iniciante no mundo dos bloggers

Qualquer coisa é motivo pra uma dispersa não estudar. Hoje passei a tarde viajando na internet e conhecendo os blogs dos outros.


Em que planeta eu estava? Esta semana fiz o convite para uma amiga vir me ver aqui e ela perguntou: -O que é um blog? Eu estava na mesma há dois meses. 


Impressionante a qualidade de layout, conteúdo e recursos que se vê por aí. À medida que conhecer melhor estes blogs incríveis vou sugeri-los para vocês.


Não tenho nenhuma inveja das idéias, acho todas bárbaras com seus estilos diversos. Eu pude juntar algumas também vivendo no mundo lá fora. Mas adoraria ter o conhecimento, saber o que são os feeds e o que fazem os gadgets, como se encontra o melhor link e como se discute em um fórum virtual de bloggers.


Estou buscando há duras penas e alguns fios de cabelo, a custa de muitas horas de sono. Sei que a área reservada no meu cérebro para isso fica lá no final da arquibancada e são muitos anos de defasagem internautica. Mas o Sr. TOC não quer saber de desculpas, ele não se contenta de jeito nenhum com o bloguito, diz que está cafona.


Tento argumentar que existe uma vantagem em ser uma aluna da alfabetização digital, (eu e a busca da compensação, estratégia incrível anti-frustração) que por estar virgem ainda na área posso ter um novo olhar, mais ingênuo e verdadeiro. Sem os vícios. ...Valeu? Pra ele também não. 


Mas prometo que vou pegando a manha, é só dar um tempo pra Mingo. Hoje mesmo ele mandou colocar esta figurinha e mudar a fonte, achou que esta aqui fica bem mais profissional. Vamos ver se o Sr. TOC aprova.

28 setembro 2010

In and Out


Hoje é o dia que meu filho sai mais cedo da escola e nós almoçamos juntos, um grande momento. Desde que chegamos ele queria experimentar o hamburguer do In and Out, uma lanchonete tradicional daqui. Fui buscá-lo e dei a notícia feliz da vida em agradá-lo. Aí fomos programar Gilda...

Connhecem Gilda Pereira da Silva? O nosso GPS, ela é garota, vive falando "Turn left!", "Turn next right!", mas o que ela mais fala é: "recalculating..." porque a mamãe aqui vive perdendo o caminho. E o In and Out é bem longe, quase saindo da cidade, mas desta vez até que chegamos de primeira.

Maior expectativa, lugar legal, lembra as lanchonetes dos filmes dos anos 60. Só tinha três opções de sanduíche: hamburguer, cheese burguer e double cheeseburguer. Gostei disso, simples. Nós dois escolhemos, achei que merecia o combo de cheeseburguer com batata frita e limonada. É, depois eu conto o tanto que estou malhando pra encarar um desses na segunda.

Pegamos uma filinha, chega a nossa vez, ai que fome! Faço o pedido. Baratinho, nove dólares, já com o lanche das filhas. Já sentindo o cheirinho, vou pagar e... cadê a carteira? Olho em todos os compartimentos da bolsa, nada. Imagina a cara de decepção do menino.

E a do caixa, tão bonzinho, quase segurou a bolsa pra eu procurar. Problema de mulher que teima em trocar a bolsa.

Futuquei, espremi até que consegui achar umas moedinhas. Com certeza foi a equipe lá de cima que mandou. Suficiente para um cheesburguer seco. Ufa! O atendente ficou com pena e deu dois copos pra gente ir pra máquina, mas só peguei água. Água é de graça aqui em todos os lugares.

Fomos pro carro porque já era hora de pegar as crianças. Ele me deu uma mordida, seria melhor que não tivesse dado. A carne alta e suculenta com uma salada crocante e um molho leve delicioso. Nunca vai existir uma dentada num hamburguer igual aquela!

Fui terminar os afazeres do dia e só pude comer quando cheguei em casa. Comidinha light congelada, coloquei um salzinho pra descer.

Isso é que dá ser falivelmente In e incrivelmente Out! Essa de hoje serviu pra mais uma linha no check list. E o In and Out que me aguarde!

26 setembro 2010

Multiple Intelligences

Fui começar a estudar para a prova de psicologia, mas tive que correr pra cá, tudo me faz lembrar vocês.


Li agora no Essentials of Psychology de Jeffrey Nevid, uma das teorias sobre as múltiplas inteligências, a do psicólogo Howard Gardner. Segundo ele, são elas:


1) Linguística: habilidade de compreender e usar palavras.


2) Lógico matemática: habilidade de resolver operações de lógica e matemática.


3) Musical: habilidade de analisar, compor e tocar músicas.


4) Espacial: habilidade de perceber relações espaciais e organizar objetos no espaço.


5) Corporal cinestésica: habilidade de controlar movimentos corporais e trabalhos manuais.


6) Interpessoal: habilidade de relacionar com com as pessoas e compreender o jeito de ser do outro e suas razões.


7) Intrapessoal: habilidade de entender suas próprias emoções e comportamentos. Auto conhecimento.


8) Naturalista: habilidade de reconhecer objetos e padrões na natureza, como a flora e a fauna.


Agora leia de novo e veja onde você é Incrível, onde é Falível e onde é Incrivelmente Falível.


O meu ficou assim (já me achando na 7):


Linguística- I

Lógico matemática- IF

Musical- F

Espacial- IF

Corporal cinestésica- I

Interpessoal- I

Intrapessoal- I

Naturalista- F


Pensei: 4I + 2F + 2IF = Passei*

Raspando como sempre, mas passei. Já posso escrever um blog. É, ele descreve as profissões que cada peso Incrível tende a seguir: 

Linguística- Escritores, poetas, oradores.
Lógico matemática- Cientistas, engenheiros, programadores.
Musical- Músicos, cantores, compositores.
Espacial- Pintores, escultores, arquitetos.
Corporal cinestésica- Dançarinos, atletas, pilotos, mecânicos.
Interpessoal- Líderes empresariais e políticos, supervisores.
Intrapessoal- Psicólogos, educadores.
Naturalista- Botânicos, biólogos e naturalistas

Missão quase impossível para um adolescente de 17 anos; se conhecer bem o suficiente para escolher o caminho da sua vida inteira. Eu só fui saber o meu há poucos dias.

E um dos maiores desafios da área de RH é colocar cada um no seu quadrado, escolher a pessoa certa para cada cadeira, dentro de tantas oportunidades que existem em uma grande empresa.

E você, o que achou? Cadê meus três seguidores incríveis? Vocês ainda estão aí né?

Agora vou pro próximo, um tal de Sternberg, já ouviram falar? Depois conto qual é a dele.


* operação descaradamente desenvolvida pela INCRÍVEL falível. Mr. Gardner não tem nada a ver com isso.

Clorox

Para Vera :)

Uma das coisas que mais imaginava que seria difícil vir para cá era o porre do trabalho doméstico, este que é mal remunerado, não reconhecido e infinito. 


Até que uma prima me ensinou no Canadá alguns segredos da felicidade:


1) Deletar o arquivo anterior. País novo, hábitos novos. Ninguém limpa casa aqui como no Brasil. Aquele negócio de jogar água e esfregar o chão com a vassoura não existe.


2) Não entrar de sapato em casa, os germes não estão incluídos nos convites. Tem chinelinhos e havaianas na porta, então se você está pensando em impressionar com aquele salto, esqueça. Nos States já é bem mais flex, eles não ligam tanto.


2) Princípio básico do bem viver: abriu fechou, pegou gardou, sujou, limpa alí na hora. Missão quase impossível para quem tem várias crianças. Eu disse QUASE, estamos aqui para melhorar e eu sou brasileira, não desisto nunca.


3) Se valer das máquinas e produtos. Máquina de lavar e secar pratos, máquina de lavar e secar roupas, se tivesse uma de lavar os meninos eu iria alugar também. Coloca lá, super soap, amaciante, lencinho pra ficar cheiroso e um abraço. Chão? Wetjet. Já viram? Um esfregão que tem um papel descartável na base e uma garrafa do produto acoplado. Espirrou, passou, tira o papel e joga fora.


4) Sim, good point: Nem pensar em lavar uma coisa que se usa pra lavar. Sacou? Meu nome agora é papel toalha e clorox, o lencinho descartável umedecido que saio passando em tudo, cuidado, excuse me!


Ah, e muito importante, desenvolver um pensamento anarquista, libertário. Tipo assim, se eu não quero ou não tenho tempo encaro que não vou fazer, que não estou nem aí e que danem-se os que fazem. Isso eu aprendi com uma tia. É, quem tem família tem tudo. Ela não arruma a cama, ri e tira onda de todo mundo que arruma. Aí toda vez que eu não estou afim, deixo tudo uma loucura e fico imitando a risada dela.


Mas depois quando volto eu preciso arrumar. É o TOC. Se vejo a roupa suja juntando e crescendo, surge uma ebulição no meu estômago, que não me deixa fazer nada. Adoro escrever com a mesa limpinha e o barulho da máquina lavando, me dizendo. -Puxa, você está dando conta! 


Eu vou falar mais depois sobre estes diálogos de Reforço Incondicional Positivo que tenho comigo. Me habituei a me orgulhar de pequenas coisas e a buscar os meus próprios elogios. Desta vez falei assim:


-Danada! Você não pegou uma faxineira até agora, está mostrando as crianças como cada um deve cuidar das próprias coisas. Independente, experimentando uma situação mais justa como deve ser. Mandando bem Valzinha!!! Juro que faço isso.


Será que é um traço esquizofrênico? Cris, o nome dela, essa do RIP


Sim, mas vamos voltar porque eu preciso dizer que mesmo com todo este arsenal desenvolvido para facilitar a sobrecarregada vida das donas de casa canadenses e americanas, de vez em quando eu vou lá e a pego! Ela, a bucha. Com o sabão em barra e o bom e velho pinho sol. Esfrego pra valer, passo pano e deixo aquele cheirinho de casa limpa do Brasil.


25 setembro 2010

Uma atrapalhada comprando um carro

Estava pagando caro e vivendo apertada com a família em um carro alugado. Decidi então comprar um.

Coloquei todos os endereços das lojas no GPS e me joguei. Aqueles terrenos enormes com um monte de carros de todas as marcas, modelos, cores e idades. Sol de rachar.
Se um estava mais barato era muito velho. Se estava novo, muito caro. Se era barato e mais ou menos, era azulão ou vermelhão ou preto. Preto no deserto? No way!
Me senti arrasada, incompetente, queria tanto meu irmão aqui! E tem mais, tudo é pra pagar em cash, senão é bem mais caro. E eu trouxe pouco, pra tirar aqui é mais caro, que vontade de gritar!

Um mês e meio nisso. Até conseguir abrir uma conta no banco, buscar o dinheiro, pedir a opinião e ajuda de todos, conseguir um seguro. O pior foi aturar os vendedores de carro, não tive sorte com nenhum, todos enrolados, querendo tirar vantagem e me fazer de besta, o que não é muito difícil.

Decidi por um usado quase novo, barganhei até me esgotar e o gerente da loja lá, irredutível. A minha mãe ficou com antipatia e disse pra não comprar. Eu realmente o odiei por seis minutos, mas comprei, não aguentava mais. Assinei uns dez formulários sem entender bulhufas. 

Lindo foi o vendedor me explicando o manual, parecia que eu tinha uma visão de raio x, o meu olhar atravessava a mesa, não entendia nada. Bem neste momento me ligaram da escola pra dizer que as meninas saíram mais cedo. Ah não! Corre Deb pra buscar e me deixa lá. 

Depois ele foi me explicar os botões no carro. Piorou. Só achei lindo tudo quando vi tudo aceso. Não tem gasolina, vou botar. Ele foi me seguindo pra eu devolver o carro na locadora e eu errei o caminho. Com GPS. Duas vezes. Ele tomou a frente e eu o segui. Mas já era mais de duas da tarde, foi por isso, Mingo detesta ficar com fome.

Locadora fechada pro almoço na primeira vez, vou resolver seguro, tento voltar pra loja, me perco de novo, consigo, devolvo o carro, vou pegar os filhos, chego em casa, cadê o controle da garagem? Ficou no carro na locadora. Eu me detesto muito nesses momentos. Mas respiro e vou com tudo. Não é que na terceira vez até cheguei mais rápido?

No final do dia estava um caco. Mas parei pra olhar o carro, achei lindo, Jeremias o nome dele. E pensei:
- Como foi mesmo que eu consegui?

21 setembro 2010

Eu, Freud, Giselda e Mingo.



FOI SIGMOUND FREUD quem,quase um século atrás, nos disse pela primeira vez que a normalidade não existe. "Toda pessoa", ele escreveu, "só é normal na média. Seu ego aproxima-se do psicótico em uma ou outra parte, em maior ou menor extensão."

Tirei isso do início do livro Síndromes Silenciosas, de John Ratey e Catherine Johnson, que mostra como reconhecer as disfunções psicológicas ocultas que existem em nós. São mais de 410 variações de diagnósticos de síndromes psiquiátricas. Eu me encontrei.

ADOREI saber que não é possível para o nosso cérebro funcionar bem em todas as suas partes. Para que um talento num campo se desenvolva, o resultado é déficits e fraquezas no outro. Nós pagamos então pelo nosso talento com perdas relativas em outra parte.

Hein??! Sabe o que quer dizer isso??? Que para eu conseguir escrever assim pelos cotovelos eu não poderia mesmo nunca aprender muito matemática. Ou física. (Química também não...) E agora que alguém vem me dizer isso??? Depois de anos e anos de auto estima estraçalhada pela constatação dos professores, colegas e todo mundo que eu era mesmo muito burra????

Passei a vida procurando estratégias para lidar com o meu alto nível de déficit de atenção. Estudando fora e dentro de mim. Agora acho que estou pronta para trocar uma idéia com outras pessoas sobre como eu convivo com esta danada, o que funcionou, o que aprendo todos os dias e mais um turbilhão de pensamentos experiências, muitas vezes cômicas que estão para explodir querendo sair. Pedi a Giselda para aguentar firme e não esquecer,(opa, ela funciona melhor com linguagem positiva)- Lembrar! Guarda, guenta a mão aí viu Gi?

Ah, deixa eu apresentar, Giselda é um dos meus neurônios, faz par com Mingo. Eles estes dias estão super prejudicados com a minha insônia causada pela ansiedade com este blog. E ainda tem o TOC. Sabe, eu o peguei pra criar para começar a terminar as coisas, só que ele comeu muito, cresceu e está enoooorme, agora quando eu quero parar de fazer alguma coisa não consigo.

Ai, tem tanta coisa pra dizer! Mas pesquisei por aí e vi que os posts precisam ser pequenos nessa vida sem tempo. Então tá, não repara porque tudo é muito novo, há dois meses atrás eu nunca tinha entrado num blog. Este visual mesmo, foi o melhor que Mingo conseguiu, tadinho. E acredite, ele passou horas para chegar nisso. Mas prometemos que vamos melhorar tudo na medida em que o nosso relacionamento com vocês for ficando sério. Está dada a largada. Oba!!!!!!!!!!

Eu vim morar nos States!


Em março resolvi sair do trabalho. Estava há quatro anos na área de recursos humanos de uma empresa. Amava o que fazia, participar do desenvolvimento de pessoas e equipes. Passei uns quinze dias perdida, saudosa, tirando da agenda do celular os compromissos. Mas cumpri o ciclo e estava na hora de fazer a roda girar. Certo, tudo muito lindo, mas e agora? Para mim, uma ansiosa crônica, é impossível viver ser projeto.

Decidi então tirar da gaveta um sonho antigo, passar um ano nos States. Eu sou assim bem boa de idéias. Parecia um sonho arrojado demais para qualquer pessoa com muito défict de atenção, que nunca viveu fora da Bahia, que é separada com três filhos, com habilidades internáuticas restritas a mandar e receber e-mails e com um inglês bem chinfrin. Mas não para a atrapalhada perseverante.

Decidi encarar mas já viu, não foi nem um tantinho fácil. Foram quatro meses de muito trabalho para tirar os vistos de estudante, deixar as contas pagas, estudar para fazer o teste toefl de inglês, alugar casa, pedir transferências, revisões médicas, passagens, resolver escola aqui para todo mundo, traduzir documentos, fazer muitas malas, providenciar autorizações, milhares de papéis e pré requisitos de uma coisa pra outra. Fora a administração emocional da coisa, fazer com que todos acreditassem que seria uma grande experiência.

Isso contando só com Mingo e Giselda. Só pra dar uma idéia, eu passei dois dias inteiros no computador só pra preencher os formulários dos vistos. Eu preenchia uma página, faltava uma informação, ia buscar, voltava, saia do ar, terminava, via que tinha feito uma coisa errada, recomeçava, a foto não servia, vai todo mundo tirar outra, coloca no tamanho certo, lá pras tantas o tempo acabava e o treco sai do ar, vai de novo, aprende a ir salvando, refaz, faz tudo de novo cinco vezes. Mingo quase pediu as contas.

E assim segui bravamente com a ajuda da equipe lá de cima, do meu amado/beloved google tradutor, das migalhas oferecidas pelas atendentes de agência por telefone e pela orientação dos amigos e primos, principalmente das do lado de cá.

É, eu tenho a sorte de ter uma família nos EUA. Meu avô deportou uma tia para cá na década de cinquenta para separá-la de um pretendente indesejado. Ela não queria vir mas acho que chorou pouco pois logo estava casada com um americano com quem teve quatro filhos. As primas daqui fizeram toda a diferença na minha decisão e me ajudam até hoje sem parar. Vocês vão ouvir falar delas. Eu acho que todos os portadores de DDA tem fortes anjos no céu e na Terra. 

Aterrissei em 01/08, mês de muita sorte. Trouxe na bagagem os filhos, a mãe e o cachorro. Trouxe também bem traçados os objetivos; aprender e mudar. Precisava me conectar mais com meus pequenos, conhecê-los melhor e me reconhecer.  Oferecer para eles uma liberdade que infelizmente está cada vez mais restrita no Brasil. Poder ir para a escola de bicicleta, pública, diga-se de passagem. Aprender uma nova língua, desenvolver a autonomia, conhecer outras pessoas e ver outro jeito possível de viver. 

Acho que passei a vida colhendo material, adoooooro observar o comportamento das pessoas, mas só agora comecei a escrever. Uma aprendiz motivada por uma nova perspectiva, convivendo com as suas limitações e embalada pela fé no futuro.